3 passos para o desenvolvimento das virtudes e ser feliz
Todos nós trazemos em nossa consciência um código moral de leis que nos impulsiona a praticar as virtudes. Somente poderemos ser felizes se atendermos aos convites que provém desse código.
Quando o indivíduo recusa-se a seguir o código moral das leis, ou seja, nega-se a exercitar as virtudes devido à ignorância ou rebeldia, é porque ainda a personalidade está plenamente identificada com o ego, que se caracteriza pelo desejo do prazer e afastamento da dor. Acontece que essa escolha egoica, por se constituir em um afastamento do dever para consigo mesmo de desenvolver as virtudes essenciais, vai gerar muitos conflitos conscienciais, que podem se aprofundar na forma de carências e traumas existenciais, doenças emocionais etc., sofrimentos esses resultantes do afastamento do maior objetivo de nossas vidas.
Somente quando o indivíduo toma a decisão de se autoconhecer, percebendo as causas reais dos seus sofrimentos, e resolve por desenvolver as virtudes essenciais é que vai gerar o real afastamento da dor e produzir o prazer real, duradouro, muito diferente do prazeres sensuais e efêmeros do ego, pois proporciona a alegria de viver e intenso bem-estar, resultante da fusão do eixo ego-Ser Essencial, no qual o ego com a personalidade se tornam instrumentos para o desenvolvimento do próprio Ser Essencial.
Para desenvolver as virtudes, somos convidados a passar por três fases: a identificação essencial, o autoacolhimento afetuoso e o exercício efetivo.
Estudemos em detalhes cada fase:
1. Identificação Essencial
O primeiro passo no desenvolvimento das virtudes é reconhecer que elas já existem em nós em estado de latência no Ser Essencial que somos e que é pelo exercício delas que diluimos os sentimentos egoicos que temos.
Este reconhecimento é fundamental, pois, muitas vezes, acreditamos que as virtudes estão muito distantes de nós e que o seu desenvolvimento representa uma utopia. Porém, essa ideia não é real. O que é real é que já trazemos todas as virtudes latentes, como pequenas sementes dentro de nós, esperando
apenas que as cultivemos. Essa é a nossa verdadeira natureza. O ego, com seus desejos e mascaramentos, é apenas processo transitório em nós.
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Portanto, quando sentimos vontade de desenvolver determinada virtude como a serenidade para nos libertarmos da ansiedade, é importante lembrar que o primeiro passo é se identificar com essa virtude que já existe dentro de nós. Muitas vezes, já a começamos desenvolver. Utilizando a analogia da semente, para determinada virtude ela já pode ter germinado e estar como um pequeno arbusto, outra virtude ainda na forma de semente, em outra a plantinha acabou de germinar, enfim, as várias possibilidades existem em você, aguardando o cultivo.
O que importa é saber que você já traz todas essas virtudes dentro do núcleo mais profundo do seu ser. Identificar-se com essa realidade é fundamental.
2. Autoacolhimento Afetuoso
Sentir afeto por si mesmo e pela virtude em desenvolvimento por meio do autoacolhimento constante, evitando se julgar e se condenar ao reconhecer os sentimentos egoicos evidentes e mascarados se manifestando. Eles somente representam o não exercício da virtude correspondente.
Por isso, acolher a própria personalidade em conjunto com a face evidente do ego é imprescindível, mesmo quando percebemos que estamos usando a personalidade para as escolhas egoicas.
É muito comum as pessoas se rejeitarem quando percebem as suas escolhas equivocadas, mas não é assim que vai acontecer a transmutação. Quando nos rejeitamos, acabamos por desenvolver um mascaramento dos sentimentos egoicos e não a sua diluição. Somente nos acolhendo incondicionalmente é que iremos tomar a decisão de mudar as nossas escolhas, fazendo a escolha consciencial de desenvolver as virtudes.
3. Exercício Efetivo
A terceira etapa do desenvolvimento das virtudes constitui-se no exercício gradual das virtudes no dia a dia por meio do esforço de autoconhecimento e autotransformação, sabendo que o processo de libertação dos sentimentos egoicos por meio do exercício das virtudes deve ser gradativo e suave.
Por isso, o desenvolvimento das virtudes é algo que acontecerá aos poucos, requerendo um esforço continuado, paciente, perseverante e disciplinado como o cultivo de uma árvore frutífera pede.
Nas várias experiências em que um sentimento egoico se manifestar, a pessoa é convidada a exercitar a virtude que o transmuta. Nesse esforço, às vezes ela não consegue praticar a virtude, outras vezes consegue parcialmente e em outras pode conseguir transmutar o sentimento egoico que se manifestou naquele momento. Qualquer que seja o resultado, é fundamental que ela continue o acolhimento afetuoso da fase anterior todas as vezes em que não conseguir exercitar a virtude ou quando o fizer parcialmente, pois o processo de mudança é assim mesmo, realizado de uma forma gradual, com suavidade e leveza.
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Novamente, utilizando a analogia da semente, é importante lembrar que você está produzindo um grande pomar com frutos deliciosos e que o cultivo de todas essas árvores das virtudes requer tempo e cuidados constantes, mas que valem a pena serem realizados, pois o resultado será muito gratificante.
Conclusão
Para saber se você realmente está realizando o trabalho de desenvolver as virtudes, é importante fazer uma autoavaliação periódica, analisando-se em diferentes épocas de sua vida com relação à determinada virtude que você está exercitando. Pergunte-se como você estava com relação à tal virtude há 1 ano, há 2 anos, há 5 anos, enfim, em diferentes épocas de sua vida, e avalie-se de forma autêntica e verdadeira se a virtude está mais presente em suas atividades diárias. Se perceber-se exercitando a virtude gradualmente é porque você está no caminho certo, caso contrário analise-se para saber onde estão as falhas e corrigi-las.
Outra maneira de se avaliar é por meio das virtudes-avaliação: suavidade, leveza e contentamento. Quando desenvolvemos as virtudes, a nossa vida vai se tornando cada vez mais suave e leve e um contentamento toma conta de nós, mesmo nas situações mais desafiadoras, porque nos percebemos evoluindo em cada experiência que a vida nos traz para aprendermos uma lição.
A leveza, suavidade e contentamento que sentimos não quer dizer que o processo de desenvolvimento de virtudes é fácil e totalmente prazeroso. Ao contrário, é um processo trabalhoso e, muitas vezes, sentimos desconforto em
realizá-lo, porquanto ainda não temos o hábito de exercitar as virtudes instaladas, mas sempre poderemos sentir o contentamento e a alegria existencial de tomar essa decisão consciencial. Aos poucos, o processo de autoconhecimento e autotransformação vai se tornando um hábito cada vez factível, tornando a nossa vida mais suave, leve, e aí, sim, o prazer de se melhorar vai tomando conta de nós, até se tornar uma alegria existencial constante repleta de suavidade e leveza para dirimir cada conflito que surge.
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