6 máscaras do ego que podem estar prejudicando a sua Saúde Emocional
Em nosso artigo anterior sobre inteligência emocional iniciamos a refletir sobre as máscaras do ego e sobre o motivo que elas dificultam o desenvolvimento da inteligência das emoções.
Neste continuaremos as nossas reflexões analisando alguns tipos de máscaras que utilizamos.
Negação
A negação é a base de todas as máscaras do ego, pois ela é resultado da repressão dos sentimentos egoicos evidentes, ou seja, a pessoa, por exemplo percebe que tem sentimentos negativos como orgulho, egoísmo, vaidade, ressentimento etc. e diz para si mesma que não pode ter sentimentos tão ruins assim. Ao pensar dessa maneira, reprime intensamente os sentimentos negativos, mas não desenvolve as virtudes que diluem esses sentimento e, sim, pseudovirtudes, sentimentos pseudopositivos, tais como pseudo-humildade, pseudoaltruísmo, pseudoperdão etc.
Compensação
Máscara do ego na qual a pessoa procura compensar um comportamento negativo, substituindo-o por um comportamento aparentemente positivo. O indivíduo busca consciente ou subconscientemente camuflar, reprimir as suas limitações e fraquezas pessoais que podem ser reais ou imaginários. Caracteriza-se pelo exagero, pelo excesso das manifestações aparentemente positivas.
A compensação tenta desviar a atenção dos outros desses defeitos, sejam físicos ou morais, por meio da exacerbação de uma característica socialmente aceita e, muitas vezes, até exigida pelas pessoas como um comportamento verdadeiramente adequado. Mas como esse comportamento é baseado na repressão de sentimentos egoicos evidentes não trabalhados, o que surge é apenas uma máscara que parece, mas não é a virtude que se quer desenvolver.
Vejamos alguns exemplos práticos desse mecanismo:
1. Puritanismo
O indivíduo puritano exige de si mesmo e dos demais uma pureza que está distante de ter internalizada. Tende dar ênfase muito grande às questões sexuais. Coloca essas manifestações naturais do ser humano como algo pecaminoso, impuro. Por isso, exige de si e dos outros uma conduta “impoluta”. Está sempre pronto a acusar os outros.
Analisando a questão com profundidade, percebe-se que esse fenômeno é pura compensação por desejos sexuais promíscuos reprimidos, originados nas profundezas do ego, que a própria pessoa consciente ou subconscientemente se recusa a aceitar.
2. Fanatismo
O indivíduo fanático caracteriza-se pelo excesso de devotamento a uma causa ou ideia. Quem observa apenas o exterior acha que é uma pessoa muito devotada à sua causa ou ideal. Mas isso é apenas aparência, pois percebe-se, em uma análise profunda, que esse devotamento é apenas uma compensação subconsciente, resultado da insegurança interior, sobre a veracidade daquilo em que se pensa acreditar.
3. Martirização
O indivíduo que se coloca como mártir é aquele que faz o papel do bom/boa moço(a), é o bonzinho, a boazinha. Está sempre disposto a “sacrificar-se” para “ajudar” os outros, mesmo que para isso ele tenha que passar por cima de suas necessidades. Não é capaz de dizer não. Diz sim para tudo e para todos. Por isso, todo mártir está quase sempre envolvido por uma ou mais “vítimas” para serem socorridas, atendidas por ele.
Quem observa apenas a aparência acredita que ele é uma pessoa carismática, muito boa, sempre disposta a ajudar os outros. Mas, analisando a situação sem máscaras, percebe-se que o mártir bonzinho é apenas um indivíduo buscando compensar os sentimentos negativos que detém e, por se sentir inferior aos demais devido a esses sentimentos, procura disfarçá-los fazendo tudo para os outros, para com isso ser aceito e querido por eles.
Para sermos realmente bons, é necessário aceitar que temos os sentimentos egoicos evidentes e diluí-los por meio do exercício das virtudes, e não simplesmente escondê-los atrás de uma máscara.
Leia ainda: Máscaras do Ego: Por que elas dificultam o desenvolvimento da Inteligência Emocional?
4. Vitimização
A pessoa que se faz de vítima, normalmente apresenta um sentimento de autopiedade muito grande. Coloca-se como coitada, necessitando do auxílio dos outros. Quase sempre está associada com os mártires. A autopiedade surge como um movimento de compensação ao profundo sentimento de culpa e autopunição que a caracteriza.
Analisando-se profundamente, percebe-se que a pessoa que assim age acha-se indigna do amor, devendo ser punida pelos seus erros e, ao mesmo tempo, coloca-se como “coitadinha” para conseguir migalhas de atenção para si.
5. Perfeccionismo
A pessoa perfeccionista é aquela que procura fazer tudo perfeito, certinho, sem o mínimo erro. Exige essa perfeição de si mesma e das outras pessoas também.Quando algo sai errado, como é comum acontecer, pois ainda estamos muito distantes da perfeição, o perfeccionista não aceita o erro. Culpa-se e pune-se por isso, quando é ele mesmo a errar, ou culpa e pune a outrem, quando outra pessoa praticou o ato errado.
Observando-se as aparências, poderemos achar que ter perfeccionismo é algo bom, pois a pessoa está sempre procurando fazer as coisas perfeitas. Mas isso é muito diferente da virtude do esforço de aperfeiçoamento que provém do Ser Essencial, pois quem está nesse caminho aceita que ainda não é perfeito e, portanto, admite o erro, analisando-o como um processo de aprendizado e crescimento. A pessoa que está em busca de aperfeiçoamento constante torna-se alguém flexível, aceitando os erros, seus e dos outros, como experiências geradoras de aprendizado.
6. Euforia
A euforia é muito utilizada para compensar sentimentos de tristeza e depressão. Para mascarar esses sentimentos, as pessoas utilizam recursos como o álcool, as drogas, festas, sexo etc. para fugir da tristeza ou depressão que sentem. Dizem que esses recursos lhes dão alegria, tirando-as do estado de depressão. Mas, se observarmos atentamente, perceberemos que essa alegria é falsa; é apenas euforia, pois uma vez cessado o efeito do álcool e das drogas ou terminada a festa, elas voltam a sentir uma depressão ainda maior que a anterior até que novamente fazem uso do mesmo expediente.
Resumindo
Todas as vezes que uma pessoa atuar por meio de atitudes exageradas, em qualquer área, estará camuflando desejos subconscientes opostos. A compensação leva o ego a mascarar esses desejos, ignorando o desequilíbrio que fica bloqueado e reprimido no subconsciente. O grande problema é que todo conflito recalcado não fica mascarado por muito tempo; termina por aflorar com força, gerando distúrbios muito graves, dos quais a pessoa não poderá fugir.
É necessário que cada indivíduo aceite que tem sentimentos egoicos evidentes, trabalhando pelo seu crescimento interior, por meio de ações, que ao invés de mascará-los, venham a transmutá-los por meio do desenvolvimento de virtudes.
Continue acompanhando nosso blog ou nas redes sociais @plenitudehumana