Você sabe qual é o seu verdadeiro eu?
Quem sou eu? Esta indagação provavelmente uma vez ou outra já passou pela sua mente e é uma das questões que os seres humanos vêm-se fazendo desde o alvorecer da civilização, e permanece até hoje como uma das lacunas a serem preenchidas. Examinemos o processo que ocorre quando uma pessoa se questiona: Quem sou eu? Qual o meu verdadeiro eu?
Percebe-se que a maioria das pessoas, ao tentar responder à pergunta: Quem sou eu? fica atônita devido à enorme dificuldade em respondê-la. Poderíamos questionar por que tanta dificuldade em tomar contato com quem nós realmente somos?
A dificuldade reside no fato de que raramente buscamos a essência do que somos. Geralmente, quando respondemos a esta questão, defrontamo-nos com a nossa personalidade, ou seja, com a concepção que temos de nós mesmos.
De certo modo, estamos descrevendo nosso ser com os nossos referenciais da personalidade, como nós pensamos e acreditamos que somos, incluindo em nossa descrição todos os pontos que achamos serem fundamentais para a nossa identidade.
Podemos, por exemplo, pensar: Sou fulano de tal, sou casado, uma pessoa que tem valores, sou amigo, mas, às vezes, sou crítico; sou um bom pai, mas, às vezes, sou intolerante e autoritário; sou engenheiro, gosto de ler e assistir a filmes etc. Enfim poderíamos estender-nos numa lista interminável de sentimentos e pensamentos sobre nós mesmos.
Mas será que somos isso mesmo? Será que essa descrição retrata fielmente aquilo que somos? Essa dificuldade em tomar contato com a nossa identidade resulta do fato de sermos educados de modo a não tomar conhecimento de nossos sentimentos, a não refletir sobre o nosso verdadeiro eu, a essência de nosso ser.
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Vivemos em uma sociedade que privilegia aquilo que é transitório, impermanente, em detrimento daquilo que é permanente. Assim, ao buscar responder à pergunta: Quem sou eu?, que deveria remeter-nos àquilo que somos essencialmente, isto é, ao que é permanente, a maioria responde sobre o seu estado atual, o que faz, o que gosta, o que tem, tudo o que é transitório, menos aquilo que a pessoa é em sua essência.
Com isso a pessoa confunde o Ser, com o estar, fazer, ter, gostar etc… Em outras palavras confunde o Ser com a personalidade transitória. Ela toma contato com os seus aspectos transitórios, com o que está fora dela ou com os sentimentos próprios do ego e não com o permanente, o essencial, que se encontra nela mesma em essência.
A personalidade transitória é um instrumento do Ser para evoluir no mundo de relação em que vivemos, mas ela tem um começo e um fim, ou seja inicia com o nosso nascimento e termina com a nossa morte. Já o Ser é imortal e continuará vivendo após a morte do corpo que está relacionado com a personalidade.
A impermanência significa aquilo que é mutável, transitório. Então, quando alguém, ao responder a pergunta Quem é você?, diz que é uma pessoa que gosta muito disso ou daquilo, que é uma pessoa que tem essa ou aquela profissão, que é mãe ou pai, que é solteiro ou casado, que faz isto ou aquilo, que tem este ou aquele defeito, etc., não está, realmente, respondendo ao questionamento sobre quem ela é.
Todas as respostas dadas anteriormente são impermanentes, isto é, elas remontam a questões transitórias, passageiras e mutáveis da pessoa. Tudo que nós temos, fazemos, gostamos, estamos, muda com o tempo, analisando-se a situação dentro de uma visão transpessoal. O que eu tenho hoje, amanhã posso não ter; o que eu gosto hoje eu não gostava há algum tempo.
A questão Quem sou eu?, remete-nos àquilo que é permanente em nós, o nosso Ser. Podemos resumir esse conceito por meio do seguinte esquema:
Em virtude do exposto, torna-se fundamental um trabalho de reeducação para buscarmos o autoconhecimento, um mergulho profundo dentro de nós para nos proporcionarmos o autoencontro, que nos tornará livres das amarras que nos prendem à personalidade transitória, ao impermanente em nós, para podermos viver como Espíritos imortais, momentaneamente encarnados.
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