4 máscaras do ego que dificultam o desenvolvimento das suas virtudes
Em nosso artigo anterior sobre inteligência emocional analisamos 6 máscaras do ego que podem estar prejudicando a sua Saúde Emocional.
Neste continuaremos as nossas reflexões analisando mais 4 tipos de máscaras que utilizamos.
Projeção
Também chamada de transferência, é um mecanismo de defesa que leva o indivíduo a interpretar os pensamentos, os sentimentos e as atitudes de outras pessoas em função de suas próprias tendências. O ego reprime os seus conflitos de personalidade, projetando-os nos outros, fugindo da aceitação de seus erros e da responsabilidade por eles.
A projeção dos sentimentos interiores no mundo exterior comumente significa ver no outro aquilo de que não se gosta em si mesmo. Todas as vezes que alguém acusa com veemência determinadas características negativas dos outros está, na realidade, projetando-se neles, transferindo os sentimentos evidentes do ego que o indivíduo não quer reconhecer em si mesmo para outra pessoa. Há uma necessidade de combater no outro o que ele gostaria de ocultar em si mesmo.
Uma das formas mais comuns de projeção é a necessidade de se culpar os outros pelas próprias atitudes, transferindo para outrem a responsabilidade sobre si mesmo.
Por exemplo: uma mãe que não dedica todo o tempo que é necessário para ajudar o seu filho com o dever de casa pode projetar a professora como a culpada pelo insucesso de seu filho na escola.
A única forma de se libertar da projeção é interromper esse mecanismo de transferência, aceitando que possui limitações e responsabilizando-se pelos seus erros e acertos e, com isso, tornar-se uma pessoa melhor.
Racionalização
É um processo pelo qual o indivíduo busca justificar quaisquer pensamentos, sentimentos ou ações que julgou inaceitáveis, mediante motivos justos aparentes que são mais toleráveis do que os verdadeiros. As razões reais de sua conduta são mascaradas por alegações falsas.
A pessoa não admite que aquela ação que ela quer realizar é errada, embora em sua consciência isso esteja bem claro. Apesar disso, assume a máscara egoica da racionalização.
Por exemplo: uma pessoa que explora uma empregada doméstica que recebe um salário baixo, não podendo suportar a angústia de se perceber como exploradora da outra, justifica a sua atitude dizendo: “Ela é muito incompetente e não merece ganhar mais do que isso. Se fosse trabalhar na casa de outra pessoa, ela ganharia menos, porque é muito burra.”
Outro exemplo é o desejo de se praticar a eutanásia em um parente terminal, sob a alegação de que é mais humano, pois evitaria o sofrimento daquela pessoa. Na verdade, busca-se encobrir com essas alegações pretensamente humanitárias os próprios sentimentos contrários à permanência daquele parente, pois ele gera muito trabalho e angústia.
Outro fato muito comum, inclusive reforçado por alguns “terapeutas”, é a prática de se colocar para fora todos os sentimentos de revolta, raiva, cólera em cima das pessoas e que são racionalizados como algo terapêutico, necessário, para se liberar do estresse.
Na realidade, ninguém tem o direito de “vomitar” os seus desequilíbrios em cima dos outros, devendo, antes de tudo, examinar as causas pelas quais está sentindo tudo aquilo para poder transmutar os sentimentos sem fazer mal a si mesmo, “engolindo” a raiva ou aos outros, “vomitando-as”, pois esses sentimentos, sendo uma energia, saem de nós e retornam para nós e todos acabamos ficando mal com isso.
Esse mecanismo de fuga torna-se um desequilíbrio psicológico grave, se continuamente utilizado, pois ninguém pode mudar um mal em bem, apenas porque se recusa a aceitar conscientemente esse mal, que deve ser trabalhado a fim de ser transmutado, ao invés de ser ignorado ou justificado, por meio da racionalização. A continuidade desse processo culmina na perda do sentido existencial.
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Identificação
Também chamado introjeção, é o mecanismo pelo qual o indivíduo se identifica com valores observados em outra pessoa e que passam a ser vistos como sendo seus valores.
É comum, em virtude desse mecanismo, as pessoas se identificarem com “heróis” ou ídolos e se acharem parecidas com eles, assumindo-lhes a forma, os hábitos, os traquejos e trejeitos, o modo de falar e de comportar-se etc. Por exemplo: esquerdistas que se identificam com Che Guevara ou Fidel Castro e passam a se vestir como eles, usar barba, boina etc.; cultuadores de Elvis Presley que se vestem, penteiam-se como o ídolo.
Hoje, é muito comum a identificação com personagens fictícios de telenovelas, filmes e outros programas de televisão, criando-se uma verdadeira dependência, um vício, haja vista o número de revistas e sites que se dedicam exclusivamente ao tema, relatando o que acontece com as personagens e os seus respectivos intérpretes. Isso resulta numa fuga da realidade da vida por parte dessas pessoas, que passam a viver uma vida ilusória, identificando-se com ídolos que só existem em sua imaginação.
A identificação é uma tentativa do indivíduo em substituir o vazio interior, por meio de modelos ou ídolos para servirem de referência e, com isso, tentar buscar o preenchimento desse vazio. O resultado é totalmente ineficaz, pois só se consegue preencher esse vazio por meio do amor e busca de um sentido existencial.
Isso só será possível quando cada um assumir a sua realidade interior, identificando-se consigo mesmo em essência, mantendo o equilíbrio emocional pelo autoconhecimento, eliminando as ilusões de ser outra pessoa que, embora proporcionem um prazer imediato, terminam por alienar o ser.
Deslocamento
É o mecanismo pelo qual se desloca um sentimento negativo de uma pessoa ou situação, para outra pessoa ou situação.
Quando experimentamos, por exemplo, um sentimento de revolta ou de animosidade contra alguém ou alguma coisa, mas as circunstâncias não permitem expressá-lo, deslocamos esse sentimento para reações de violência contra objetos que são quebrados, ou outras pessoas, que não têm a ver com o problema.
Exemplificando: uma pessoa tem uma dificuldade com o chefe no trabalho e, ao chegar em casa, desloca a sua raiva brigando com a mulher, ou com o marido, ou com os filhos.
Outra situação comum é quebrar objetos como pratos, dar murros na parede, quando encolerizados. A pessoa desloca o desejo de bater em quem é o motivo da sua cólera para os objetos que destrói.
Essas e outras máscaras dificultam o desenvolvimento das virtudes porque elas apenas ocultam em nossa intimidade os sentimentos egoicos negativo. Em vez de reprimir os sentimentos egoicos negativos somos convidados a transformá-los por meio do exercício de virtudes.
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