O dogmatismo científico ainda é tão resistente que até quando acontece uma experiência de quase morte sui-generis, repleta de detalhes e praticamente impossível de se explicar de forma material, a reação é muito grande no sentido de se manter a perspectiva materialista. Isso acontece até quando um cientista passa por uma experiência de quase morte como o Dr. Eben Alexander III, neurocirurgião, professor de medicina na Universidade de Harvard, em Boston-EUA. Ele diz em seu livro Mapa do Céu que:
[…] Como doutor em medicina com uma longa carreira em hospitais respeitados como o da Universidade Duke e o da faculdade de medicina de Harvard, eu era totalmente cético, embora solidário. Eu era aquele médico que, se você me contasse sobre a sua EQM, diria com delicadeza que tudo não passava de uma fantasia.[1]
O Dr. Alexander era cético até passar por uma EQM muito significativa durante uma meningite bacteriana, que o fez permanecer em coma em uma UTI por uma semana. Essa experiência mudou totalmente a forma de pensar. Vejamos o riquíssimo relato, repleto de espiritualidade, extraído de vários fragmentos de capítulos do livro Uma prova do céu – A jornada de um neurocirurgião à vida após a morte:
Sou neurocirurgião. […] Obtive o meu diploma de medicina pela Universidade de Duke em 1980. Durante meus 11 anos de formação e de residência médica na Duke, no Hospital Geral de Massachusetts e em Harvard, me dediquei a neuroendocrinologia.
[…] Ao longo desses anos fui autor e coautor de mais de 150 artigos para revistas dirigidas a especialistas, e apresentei as conclusões de minhas pesquisas em mais de 200 conferências médicas ao redor do mundo.
Em resumo, dediquei minha vida inteiramente à ciência. Usar as ferramentas da medicina moderna para ajudar e curar as pessoas e aprender sempre mais sobre os mecanismos do cérebro e do corpo humano eram a minha missão.[2]
[…]
A neurociência moderna postula que o cérebro comanda a consciência – ou a mente, a alma, ou espírito ou como quer que se chame essa parte invisível e intangível de nosso ser que nos faz ser quem somos – e eu não tinha dúvida de que a neurociência estava certa.[3]
Eu sabia muito bem que o cérebro é isto: uma máquina que produz o fenômeno da consciência. E é claro que os cientistas não haviam descoberto exatamente como os neurônios do cérebro conseguem fazer isso, mas era apenas uma questão de tempo.[4]
[…]
Como neurocirurgião ouvi muitos relatos de pessoas que tiveram experiências estranhas, geralmente depois de sofrerem ataques cardíacos: histórias de viagem para lugares misteriosos e maravilhosos, de conversas com parentes mortos – e até de encontro com Deus.
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Fascinante, sem dúvida. Mas tudo isso, em minha opinião era pura fantasia. Afinal, o que provocava as experiências sobrenaturais que as pessoas relatavam com tanta frequência? Na verdade a resposta não me interessava, mas eu acreditava que essas experiências tinham uma base cerebral. Toda consciência tem. Se não houver atividade cerebral não há consciência.[5]
[…]
Nunca estive aberto à ideia de que uma parte de nós sobrevive à morte do corpo. Eu era um exemplo típico do médico bom caráter, porém cético e incrédulo. E, como tal posso garantir que mesmo os mais céticos não são céticos de verdade. Para ser realmente cético é preciso examinar o assunto e levá-lo a sério. E eu, como muitos cientistas, nunca gastei meu tempo com as EQMs. Eu simplesmente “sabia” que elas eram impossíveis.[6]
[…]
Vivi uma avalanche de experiência de quase morte. Como neurocirurgião com décadas de pesquisa e prática, eu estava em melhor posição para avaliar não apenas a realidade, mas as implicações do que acontecera.
E essas implicações são extraordinárias. Minha experiência me mostrou que a morte do corpo e do cérebro não é o fim da consciência, e que a existência humana continua no além-túmulo. E, mais importante ainda, ela se perpetua sob o olhar de um Deus que nos ama e se importa com cada um de nós, com o destino do Universo e de todos os seres contidos nele.[7]
[…]
Para compreender como o cérebro pode bloquear nosso acesso ao conhecimento dos mundos mais elevados, precisamos aceitar – pelo menos hipoteticamente – que o cérebro não produz consciência. Que ele é, na verdade, um tipo de válvula redutora ou um filtro que transforma a consciência não física que possuímos nas dimensões superiores em uma aptidão limitada pelo tempo de nossa existência mortal.[8]
[…]
O amor é sem dúvida, a base de tudo. Não aquele amor abstrato, difícil de entender, mas o amor cotidiano que todo mundo conhece – o tipo de amor que sentimos quando olhamos para nosso companheiro, para nossos filhos e até para nossos animais de estimação. Na sua forma pura e poderosa, esse amor não é ciumento, nem egoísta – ele é incondicional. Essa é a maior de todas as realidades, a gloriosa verdade que subsiste no centro de tudo o que existe. E nenhuma mínima compreensão de quem (ou do que) somos pode ser obtida por alguém que não inclua o amor em suas ações.
Um pouco longe do padrão científico? Não acho. Voltei daquele lugar, e nada poderá me convencer de que esta não é somente a verdade emocional mais importante no Universo, como também a verdade científica mas fundamental de todas.[9]
[…]
Acredito que estamos atravessando um momento crucial em nossa existência. Precisamos recuperar esse conhecimento mais amplo enquanto vivemos aqui na Terra, enquanto nosso cérebro está em pleno funcionamento. A ciência, a que me dediquei durante tanto tempo, não contradiz o que aprendi lá em cima. Mas muita gente acredita que sim, pois alguns membros da comunidade científica, presos à visão materialista do mundo, tem insistido cada vez mais que a ciência e espiritualidade não pode coexistir.
Eles estão equivocados. Para tornar esse conhecimento acessível ao grande público é que escrevi este livro. Ele trata os demais aspectos de minha vida – o mistério de como contraí a doença, como consegui ficar consciente na outra dimensão e como me recuperei de forma totalmente secundária.
Isso porque o amor incondicional e a aceitação que experimentei na viagem para o outro lado são, de longe, as mais importantes descobertas que já fiz. E por mais que eu saiba que vai ser difícil processar as outras lições que aprendi por lá, tenho noção também de que no fundo do meu coração, compartilhar essa mensagem fundamental é a tarefa mais importante da minha existência.[10]
[…]
Compreendi que sou parte do Divino e que nada, absolutamente nada, pode tirar isso de mim. A suspeita (falsa) de que estamos separados de Deus é a raiz de todas as formas de ansiedade no Universo; e a cura para isso é a certeza de que nada é capaz de nos separar do amor de Deus.[11]
[…]
A parte física do Universo é um grão de areia comparada à parte espiritual e invisível. Antigamente, eu jamais usaria a palavra espiritual no meio de uma conversa científica. Hoje acho que não podemos deixá-la de fora.[12]
[…]
Pensar além do cérebro é ingressar em um mundo de conexões instantâneas que faz o pensamento comum (isto é, limitado pelo cérebro físico) parecer sem sentido. O nosso eu mais verdadeiro é profundo e completamente livre. Não está comprometido pelas ações passadas nem preocupado com identidade ou status. Ele faz a pessoa compreender que não há necessidade de temer o mundo terreno e, consequentemente, não precisa perseguir a fama, a riqueza, ou o poder.
Esse é o verdadeiro eu espiritual que todos nós estamos destinados a recuperar algum dia. Mas até que esse dia chegue, acho que deveríamos fazer o que estiver ao nosso alcance para entrar em contato com essa parte miraculosa de nós mesmos – para cultivá-la e fazê-la aflorar. Este é o ser que mora dentro de todos nós e que Deus espera que sejamos.
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Como se aproximar desse eu espiritual tão autêntico? Manifestando o amor e a compaixão. Por quê? Porque o amor e a compaixão são muito mais do que as abstrações que as pessoas acreditam que sejam. Eles são reais. São concretos. E formam do tecido do reino espiritual. Para acessar esse reino, precisamos nos assemelhar a ele, mesmo quando estivermos no reino terreno.[13]
[…]
Eu era cidadão de um Universo maravilhoso, que em sua grandeza e complexidade era governado inteiramente pelo amor.[14]
[…]
Por fim, compreendi do que se trata a religião – ou, pelo menos, o que ela deveria ser. Agora, eu não apenas acreditava em Deus; eu conhecia Deus.[15]
[…]
Aqueles que insistem que não há provas para os fenômenos que sugerem a expansão da consciência, apesar da enorme evidência do contrário, são deliberadamente ignorantes. Eles acham que conhecem a verdade sem precisar examinar os fatos.[16]
[…]
O que descobri do outro lado foi a imensidão e a complexidade do Universo, e o fato de que a consciência é a base de tudo o que existe. Eu estava tão conectado com essa ideia que, muitas vezes, não havia diferenciação entre “mim” e o mundo que eu me movia.[17]
[…]
Estamos entrelaçados com o universo maior de maneira complexa e inexorável. Ele é o nosso verdadeiro lar e pensar que este mundo físico é tudo o que importa é como se trancar em um pequeno quarto e imaginar que não há nada fora dele.
Aprendi o poder crucial da fé para facilitar a atuação da mente sobre a matéria. Sempre fiquei intrigado com o efeito placebo – cujo benefício no tratamento gira em torno de 30%, devido à crença do paciente de que está recebendo um remédio que poderá curá-lo, mesmo que se trate de uma substância sem efeito. Em vez de enxergar nisso o poder subliminar da fé e a maneira como ela afeta a saúde, a comunidade médica só via o seu lado negativo, considerando que o efeito placebo era, na realidade obstáculo para a evolução de um tratamento.[18]
[…]
O Universo não tem princípio nem fim, e Deus (Om) está inteiramente presente em cada partícula que o compõe. Quando as pessoas falam sobre Deus e sobre os níveis espirituais mais elevados sempre tentam trazê-lo para o nosso nível em vez de expandir nossa percepção para o nível deles. Com descrições limitadas, corrompemos sua natureza extraordinária.
As palavras do cego curado por Jesus no Evangelho – “Eu era cego, mas agora vejo” – ganharam novo significado para mim quando entendi que nós aqui na Terra estamos cegos para a natureza plena do mundo espiritual; principalmente pessoas como eu havia sido, que acreditavam que a matéria é a verdade máxima e que tudo o mais (o pensamento, a consciência, as ideais, as emoções, o espírito) é apenas uma consequência da matéria.
[…]
Comunicar-se com Deus é a experiência mais maravilhosa que alguém pode imaginar, mas, ao mesmo tempo, é a mais natural de todas, porque Deus está presente em nós o tempo todo. Onisciente, onipresente, pessoal – e nos amando incondicionalmente. Nós somos todos Um por causa do nosso elo com Deus.[19]
[…]
Eu preciso estar disposto a desistir do que sou para me tornar o que serei. Albert Einstein
Einstein foi um dos meus primeiros ídolos do meio científico e a citação acima sempre foi uma de minhas favoritas. Mas só agora entendi o que essas palavras significam. Por mais louco que soasse cada vez que eu contava a minha história para os meus colegas – e não era difícil perceber suas expressões de espanto e inquietação diante do relato – , eu sabia que estava contando uma coisa que tinha valor científico genuíno, algo que abria as portas da percepção para um novo mundo de compreensão científica. Uma reflexão que elevava a consciência à condição de maior entidade de toda a existência.[20]
[…]
Sei que haverá pessoas que desejarão invalidar minha experiência e que muitos simplesmente a descartarão por se recusarem a aceitar que a minha história tenha algum valor “científico” – que seja alguma coisa mais do que um sonho febril e delirante.
Mas eu enxergo além. E para o bem dos que estão aqui na Terra quanto daqueles que encontrei na outra dimensão, vejo isso como meu trabalho – como cientista, e, portanto, um buscador da verdade, e como médico devotado a ajudar e curar – para que o maior número de pessoas saiba o que experimentei fora do corpo é verdadeiro, real e transformador. Não apenas para mim, mas para todos nós.
A minha jornada não foi só sobre o amor, mas foi também sobre quem somos, como estamos todos conectados e sobre o sentido da existência. Aprendi quem eu era quando estive lá e, ao voltar, descobri que os últimos elos perdidos sobre que eu era foram encontrados. […]
[…] Ainda sou cientista, ainda sou médico, e, como tal, tenho duas obrigações essenciais: honrar a verdade e ajudar a curar. Isso significa contar a minha história. Uma história que, à medida que o tempo passa, tenho mais certeza de que aconteceu por uma razão. Não porque eu seja alguém especial, mas apenas porque eu reunia duas realidades conflitantes. Juntas, no entanto, elas confrontam as últimas tentativas da ciência de dizer ao mundo que a dimensão material é a única que existe e que a consciência ou espírito não é o principal mistério do Universo.
Eu sou uma prova viva desse grande mistério[21].
Muito significativo e corajoso o depoimento pessoal do Dr. Eben Alexander III, porquanto como neurocirurgião, professor de medicina, anteriormente materialista, arriscou-se a ser desconsiderado pelos seus pares, como de fato foi. Muitos, diante dos seus relatos, continuaram aferrados às suas crenças dogmáticas materialistas, negando, sem ao menos examinar o fenômeno.
[1] ALEXANDER III, E. Mapa do Céu. São Paulo: Gente, 2014, p.26
[2] ALEXANDER III, E. Uma prova do Céu – a jornada de um neurocirurgião à vida após a morte. São Paulo: Gente, 2012, p.12, 13
[3] Ibidem, p.40
[4] Ibidem, p.42
[5] Ibidem, p.14
[6] Ibidem, p.130
[7] Ibidem, p.15
[8] Ibidem, p.82, 83
[9] Ibidem, p.75
[10] Ibidem, p.76
[11] Ibidem, p.79
[12] Ibidem, p.84
[13] Ibidem, p.86, 87
[14] Ibidem, p.96
[15] Ibidem, p.145, 146
[16] Ibidem, p.150
[17] Ibidem, p.151
[18] Ibidem, p.152
[19] Ibidem, p.156
[20] Ibidem, p.157
[21] Ibidem, p.164, 165
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