Descubra qual a maior dificuldade na busca do autoconhecimento
A maior dificuldade que encontramos na busca do autoconhecimento é a confusão que se estabelece entre o Ser que somos e o ego que temos. Comumente, confundimos quem realmente somos com a nossa autoimagem, a nossa personalidade, num movimento ilusório de acharmos que somos a personalidade.
Na abordagem da Psicologia Consciencial o ego é uma estrutura transitória de nossa psique, que deve ser transcendida para se buscar aquilo que é permanente, o essencial em nós mesmos. Por isso nessa visão o ego é aquele que não é, pois é transitório.
O ego na abordagem transpessoal representa uma parte do todo que forma a nossa psique, no qual os valores essenciais estão ausentes, dando origem aos sentimentos egoicos como orgulho, vaidade, egoísmo, etc.
Analisemos, por exemplo, esta tríade: orgulho, ansiedade e ressentimento. Esses sentimentos são apenas nomenclaturas para que identifiquemos a ausência de valores essenciais. Eles não são reais. Não podemos dizer que eles não existem, mas não são reais, no sentido de que o real é o permanente, é o essencial. Eles são ausência. Dentro do conceito da impermanência, por mais que, em nós, haja orgulho, ansiedade e ressentimento, de um ponto de vista transcendente, a seu tempo todos vamos nos libertar desses sentimentos, desenvolvendo as virtudes que diluem esses sentimentos.
Todos esses sentimentos egoicos não são, estão, porque são ausência do exercício dos valores essenciais que somos. O que queremos colocar é a questão da ausência, do não-ser, mas estar. O estado é impermanente. O orgulho é a ausência do exercício da virtude da humildade. A ansiedade é a ausência do exercício da serenidade o ressentimento ausência do exercício da virtude do perdão. Quando estamos fixados, tímidos, no exercício do ser, vivenciamos o irreal do não-ser.
Utilizemos agora uma linguagem metafórica para facilitar ainda mais o entendimento: suponhamos que o nosso Ser fosse uma mão com 5 dedos. Cada um com uma função. Mas apenas 4 dedos exercitam a sua função, o polegar não. Ele é menos dedo do que os outros? Ele é coisa diferente da mão? Ele continua sendo parte, apenas não exerce a sua função. Ele apenas não faz o que é preciso. Então o que acontece? Quando a energia vai fluir para os dedos, no polegar ela não flui. Cria-se, assim, um hábito: a energia não flui ali. Só que, quando os 4 dedos passam a perceber que alguma coisa não, há um movimento porque tudo na natureza é solidário. Eles são impulsionados ao sim, e há um dedo que não. Quando todos tomam contato de que o polegar não cumpre a sua função, começam os exercícios para que cumpra a sua função e a energia flua. Até que ele, sim, cumpra-a. Enquanto ele não cumpre, é ego; depois que sim, passa a ser essência. Porque era o tempo todo essência, mas essência não.
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Vamos nominar cada dedo com uma virtude essencial: autoamor, paciência, serenidade, perdão e humildade. Cada dedo existe para exercitar a sua função. Quando o polegar não, quando não há o exercício da humildade, o não que se cria aqui, chamamos de orgulho, porque o orgulho é um não-valor. A partir do momento em que começamos a exercitar a humildade o orgulho começa a desaparecer, pois se torna sim, o valor real. É claro que essa transmutação vai acontecer lentamente no processo de desenvolvimento da inteligência emocional.
Podemos, então, sintetizar dizendo que o autoconhecimento é o movimento de discernir, buscando perceber em nós os sentimentos egoicos, tratando-os como emoções transitórias, possíveis de serem dominadas, transmutadas e diluídas, por meio do desenvolvimento das virtudes originadas no Ser Essencial que somos.
Quando utilizamos desse discernimento, refletindo sobre as nossas emoções, o autodomínio torna-se uma tarefa possível de ser realizada. Lamentavelmente, a maioria das pessoas, ao invés de dominar as emoções egoicas evidentes, por meio do exercício das virtudes, tenta reprimi-las e bloqueá-las, criando as máscaras do ego, processo de fuga da realidade que apenas retarda o encontro com o Ser Essencial que somos, adiando o nosso processo de autotransformação e, consequentemente de nosso aprimoramento e felicidade.
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