A Prática Das Virtudes Como Objetivo De Vida
Neste artigo, vamos refletir sobre como você pode transformar a prática das virtudes com um objetivo de sua vida, de modo a conquistar a plenitude e a felicidade.
Para realizarmos o objetivo de praticar as virtudes em nosso dia a dia somos convidados a refletir sobre alguns estágios fundamentais, de modo que a idealização almejada pelo objetivo se torne realidade.
Esses estágios são didáticos, pois o conjunto de todos eles forma um todo harmônico.
Quando formulamos objetivos dessa forma, criamos um mapa mental, envolvendo pensamentos positivos, virtudes e uma vontade operante, que se manifestarão em comportamentos adequados, tornando-nos pessoas mais conscientes da nossa destinação: o bem, o belo, a plenitude, a felicidade.
Vejamos, a seguir, os estágios para a realização do objetivo de agir de forma resiliente.
Estágio 1 – Os objetivos devem ser expressos sempre em termos positivos, de forma bastante específica.
Você irá desenvolver aquilo que quer e não o que não quer.
Esse estágio é fundamental para que haja a mobilização da motivação e da vontade de autotransformação.
Tendemos a nos afastar daquilo que nos incomoda, mesmo que isso gere um pseudoconforto transitório.
Para que desenvolvamos as virtudes nas experiências-desafio somos convidados a focar naquilo que queremos: ser uma pessoa harmonizada com o código moral de leis, que faz esforços continuados, pacientes, perseverantes e disciplinados quando apresenta algum dilema consciencial para ser resolvido dentro de alguma experiência-desafio.
Estágio 2 – Os objetivos devem ser sempre centrados em si mesmo.
Você pode mudar somente a sua maneira de agir e não a de outras pessoas.
A sua mudança não deverá estar condicionada à mudança de outras pessoas ou situações.
Nós só temos domínio sobre as nossas escolhas e não sobre as escolhas dos outros.
Estágio 3 – Todos os objetivos devem ser contextualizados: onde, quando, como, de que maneira etc., se quer realizá-lo.
A contextualização tem a ver com a especificação do estágio 1.
São os detalhes do mapa mental que você está construindo.
Isso é importante para sistematizar o objetivo maior, contextualizando cada pequeno objetivo, para poder realizá-lo gradualmente, de forma concentrada.
O processo de contextualização é para que você se concentre, focando uma situação específica.
Quanto mais foco você der ao seu objetivo, maiores as condições de você concentrar todo o esforço de sua energia mental para a mudança que você quer realizar.
Estágio 4 – Conhecer o estado interior para saber se está cumprindo o objetivo.
Em termos práticos, é saber definir bem o estado interior que determina se você está ou não cumprindo o seu objetivo de praticar as virtudes, sendo proativo nas várias experiências-desafio.
Saber as evidências é importante para termos parâmetros de avaliação.
Normalmente, o estado de quem está cumprindo o seu objetivo de exercitar as virtudes, tornando-se uma pessoa mais consciente e verdadeira, é o de harmonia, paz, tranquilidade, alegria e plenitude.
A pessoa se sente bem consigo mesma.
O contrário acontece quando o indivíduo não está cumprindo o seu objetivo, mantendo as escolhas impulsivas e/ou as movidas pela culpa e medo de errar tentando se afastar das experiências.
Nesse caso, o estado interior é de desarmonia, angústia, intranquilidade, inquietude, desassossego.
Ele não encontrará a paz e a felicidade, pois não é possível esses sentimentos sem que sejam realizados os esforços de mudança.
Estágio 5 – Todos os objetivos que a pessoa busque na vida devem estar alinhados com o propósito maior do Ser, dentro da ética do amor.
Não há como exercitar um objetivo de se cumprir o código moral se não houver o exercício constante de autoamor.
Somente cumpriremos o código moral de leis por meio da prática das virtudes se nos tornarmos mais conscientes e verdadeiros e se estivermos em sintonia com o amor que rege o Cosmos.
Somos convidados a sermos colaboradores de Deus para manifestar o amor no Cosmos, que começa em nós por meio do autoamor e, a partir de nós, irradia-se para todos os seres do Universo.
Estágio 6 – Os objetivos devem ser sempre factíveis, isto é, possíveis de ser realizados.
Os exercícios continuados para praticar as virtudes são possíveis de ser realizados de forma resiliente, paciente, perseverante e disciplinada.
O grande problema para muitos é a preguiça moral, negligenciando as oportunidades para exercitar as virtudes ou a pressa de fazer tudo de forma abrupta, exigindo-se ser virtuoso por autodecreto.
Em ambas as situações a pessoa fica estagnada, porquanto as virtudes são cultivadas gradualmente.
Se nós quisermos conquistar as virtudes todas de uma vez, só criamos um objetivo impossível de ser realizado e vamos nos frustrar.
Comumente, quando as pessoas se lançam a realizar um objetivo, buscam fazer muitas coisas ao mesmo tempo, em uma atitude de ansiedade em querer realizá-lo.
Elas se forçam a realizar o objetivo, em vez de se esforçar, ato que pressupõe a continuidade, a paciência, a perseverança e a disciplina.
Com isso, cansam-se e se decepcionam com elas mesmas, pois, como não conseguem efetivar o objetivo, logo desistem, dizendo que é muito difícil e que não conseguem fazê-lo.
Por isso, é fundamental realizar uma coisa de cada vez, de modo a tornar possível o objetivo, tendo sempre perseverança nas ações, conseguindo um pouco hoje, mais amanhã, e assim cumprir tranquilamente o plano existencial.
Estágio 7 – Definir claramente o que ganha com a realização dos objetivos.
A pessoa deve refletir acerca de todos os benefícios reais que ela ganhará ao praticar as virtudes em seu dia a dia, tornando-se mais consciente frente à vida.
Normalmente, o ganho maior é a evolução espiritual que nos felicita a vida, com certeza algo que todos nós queremos.
Estágio 8 – Definir o que impede a pessoa de realizar os objetivos.
Os fatores impeditivos são relacionados à preguiça moral e ao impulso de afastamento.
O mais profundo é não querer fazer os esforços de realização em decorrência da forte acomodação que mantém, por causa do trabalho que é convidado a fazer para realizá-lo.
A pessoa quer se afastar do trabalho que dá para cumprir o código moral e desenvolver as virtudes.
Ela acredita que não pode realizar os exercícios, mas, na verdade, não está querendo fazer os esforços para isso.
Outro fator impeditivo é não acreditar que merece realizar as mudanças devido ao sentimento de culpa e autopunição que mantém, de forma consciente ou subconsciente, pois realizar os exercícios para exercitar as virtudes gera felicidade, e quando traz o sentimento de culpa a pessoa boicota a própria felicidade, pois admite que não a merece.
Esses fatores serão conhecidos por meio do autoconhecimento, que proporciona o autoencontro, isto é, perceber em si as limitações egoicas para poder transmutá-las, transformando fatores impeditivos em alavancas valiosas de impulsionamento ao crescimento interior.
É assim que age uma pessoa que quer exercitar as virtudes, tornando a sua vida bem melhor.
Estágio 9 – Disposição para superar as dificuldades impeditivas.
Este item está relacionado ao ato de assumir as responsabilidades pela condução de nossa vida.
Tem uma relação direta com a motivação e a ação transformadora ligada à vontade.
Para realizarmos o exercício continuado para praticar as virtudes somos convidados a estar dispostos a superar tudo aquilo que nos leva a fugir de nós mesmos e a responsabilizar os outros ou a vida pelas nossas dificuldades ou pela nossa infelicidade.
É fundamental, portanto, a superação do autoengano de acreditar que a nossa vida não é fruto de nossas escolhas para assumir definitivamente a superação das dificuldades, que somente dizem respeito a nós mesmos.
Somos convidados a assumir a responsabilidade pela nossa vida e conseguir, com isso, ganhos reais que nos enriqueçam interiormente.
Estágio 10 – Disposição para desenvolver os recursos que sejam necessários para se realizar o objetivo.
É importante lembrar que existem os recursos internos, que são as virtudes essenciais, e os externos.
Devem-se buscar, por meio do autoconhecimento, quais são as virtudes essenciais que somos convidados a desenvolver para transmutar os sentimentos egoicos evidentes e mascarados.
Somos convidados também a utilizar outros recursos tais como a meditação, a oração, o estudo de obras que auxiliem no autoconhecimento, cursos de autoconhecimento on-line e presenciais etc. com o objetivo de nos aprimorar interiormente e conseguir realizar o propósito de nos tornar mais autoconscientes e saudáveis emocionalmente.
Estágio 11 – Agir com flexibilidade e responsabilidade.
Ao realizar um objetivo, há sempre duas possibilidades: acertar ou errar.
Em quaisquer das hipóteses, somos convidados ao aprendizado.
Devemos buscar, em caso dos erros cometidos, o exercício da virtude da flexibilidade, estabelecendo reflexões para cada passo a ser dado na realização do objetivo, exercitando também a virtude da responsabilidade para aprender com o erro, e jamais se culpar ou de se desculpar quando praticar algum ato equivocado ao realizar o seu objetivo.
Essa, sim, é uma escolha autoconsciente.
A flexibilidade e a responsabilidade devem acontecer sempre quando ocorrer um erro.
Ao errar, você deve se perguntar o que aconteceu para que esse erro ocorresse.
A flexibilidade permitirá a você refletir acerca do equívoco, como um aprendiz da vida, para aprender com ele.
A responsabilidade leva você a reparar as consequências do seu erro, tantas vezes quantas forem necessárias, aprendendo sempre com as conquistas-aprendizado, até que as conquistas-êxito se tornem uma constante em sua vida, num processo de autoconsciência.
Todos oscilamos em termos dos exercícios das virtudes, pois nem sempre estamos dispostos a fazer os esforços necessários, e, em decorrência disso, cometemos erros, agimos da forma que não deveríamos, mas isso não deve ser motivo para desanimar.
A pessoa que está exercitando as virtudes age com flexibilidade e responsabilidade, acolhendo-se quando comete erros, aprendendo e reparando os erros para prosseguir realizando o seu objetivo de exercitar as virtudes constantemente.
Estágio 12 – Efetivação do objetivo.
Ao realizar todas essas ações, concluímos o objetivo a ser realizado, sabendo que vamos ter centenas de objetivos durante toda a existência para que, com dedicação e entusiasmo, realizemos o nosso esforço para desenvolver as virtudes diariamente.
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