Como usar o autoconhecimento para se tornar emocionalmente saudável
Neste artigo vamos refletir sobre o autoconhecimento e a relação com o Terapeuta Interior, que abordamos nos dois artigos anteriores.
O autoconhecimento é o movimento de discernir, buscando perceber em nós os sentimentos egoicos, tratando-os como emoções transitórias, possíveis de ser controladas e transmutadas por meio do desenvolvimento dos sentimentos permanentes, originados no Ser Essencial que somos.
Quando utilizamos o discernimento, refletindo sobre as nossas emoções, o autodomínio torna-se uma tarefa possível de ser realizada.
Lamentavelmente, a maioria das pessoas, ao invés de controlar as emoções egoicas evidentes, se identifica com elas, dando-lhes vazão, ou tenta reprimi-las e bloqueá-las, criando as máscaras do ego, processo de fuga da realidade que apenas retarda o encontro com o ser essencial que somos.
O descontrole emocional origina-se dos sentimentos egoicos evidentes, provenientes da energia de desamor que ainda nos caracteriza.
Essa energia dá origem a sentimentos, tais como: ódio, raiva, ressentimento, mágoa, orgulho, vaidade, egoísmo, egocentrismo, tristeza, violência, crueldade, angústia, ansiedade, medo, revolta, astúcia, etc.
Quando entramos em contato com estes sentimentos é comum nos identificarmos com eles, isto é, vivenciarmos intensamente esses sentimentos, resultando em um bloqueio dos fulcros energéticos do Ser Essencial, causando uma densificação do ego, isto é, um estado de congestionamento do ego, como se ele ficasse inflamado.
Como ainda trazemos em nós tendências emocionais negativas, devido à nossa ignorância, é mais comum darmos vazão aos sentimentos egoicos evidentes – como os colocados acima –, produzindo no ego uma intensificação de energias desequilibradas.
A densificação do ego produzirá no corpo fluídico do espírito e no corpo físico um congestionamento ou inibição das energias que os mantêm, fato que produzirá na pessoa que está se identificando com os sentimentos negativos mal-estar, desconforto, desarmonia, desequilíbrio, doenças físicas e mentais.
Isso acontece porque o ego está localizado, energeticamente, no corpo físico e nas primeiras camadas do corpo fluídico, intermediário entre o corpo físico e o Ser Essencial.
Exemplificando: um indivíduo que nutre, durante a vida inteira, um sentimento de ressentimento e ódio por uma pessoa que o magoou (identificação com os sentimentos egoicos), produz uma densificação do ego, e, consequentemente, um bloqueio das energias do Ser Essencial, tornando o corpo fluídico mais “pesado”, “inchado”, peso que irá repercutir no corpo físico e na mente produzindo doenças.
Esse conflito interno pode gerar um bombardeio energético das células do corpo, resultando em doenças físicas como o câncer, a artrite reumatoide, o lúpus sistêmico, etc., ou um desequilíbrio psíquico, gerando doenças emocionais como a ansiedade, a síndrome do pânico, a depressão, etc., ou ainda, como é mais comum, tanto problemas físicos quanto psíquicos.
Outra forma que usamos para lidar com os sentimentos egoicos é negando, reprimindo, bloqueando, fugindo deles, fato que gera os sentimentos egoicos mascarados, frutos do pseudoamor, que são disfarces (máscaras) dos sentimentos egoicos negativos, originados do desamor.
Para tentar se libertar dos conflitos, a pessoa desenvolve, consciente ou subconscientemente, sentimentos aparentemente positivos que, em longo prazo, vão gerar conflitos ainda maiores.
Por exemplo: autopiedade, euforia, perfeccionismo, puritanismo, martirização, etc. Isto resulta em uma pseudo-harmonia, pseudossaúde, pseudofelicidade, pseudoconforto, etc.
Exemplificando: uma pessoa educada segundo padrões morais muito rígidos (puritanismo e perfeccionismo) torna-se muito exigente consigo mesma e com os outros, no sentido de não permitir o erro em hipótese alguma (repressão dos sentimentos egoicos).
A pessoa, em consequência, julga-se muito pura (criação das máscaras), vitalizando de forma muito intensa a máscara do puritanismo e do perfeccionismo, apesar de, muitas vezes, tomar contato com sentimentos negativos que são prontamente reprimidos.
Como esse sentimento de pureza é falso ocorre apenas uma falsa sensação de harmonia e saúde, havendo o mesmo bloqueio do Ser Essencial e a densificação do ego vistos anteriormente, acrescentando a isso a vitalização das máscaras, que se tornam mais rígidas.
Tomando como base o exemplo anterior – em relação ao indivíduo que se magoou, devido a uma atitude de outra pessoa –, essa pessoa irá reprimir a mágoa, o ressentimento e o ódio que sente, dizendo, por exemplo, que é superior a isso; que o que o outro fez não a atinge; que ela é uma pessoa que tem que superar esses tipos de sentimento, etc.
Volta e meia o ressentimento e o ódio dão sinais de que estão muito vivos, mas são prontamente reprimidos.
Quem observa as coisas na superficialidade pode até achar que isso é positivo, pois dizem que o indivíduo está tentando ser bom e que essa atitude é meritória.
Porém, se analisarmos a questão mais profundamente, vamos perceber que o fato de reprimir um sentimento não nos liberta dele.
Ao contrário, o sentimento fica oculto, gerando a mesma densificação do ego que analisamos anteriormente, acrescida do disfarce da máscara.
Essa atitude é semelhante à pessoa que varre diariamente a sujeira da sala e a coloca em baixo do tapete.
A sujeira está oculta, mas continua toda lá.
Com o passar do tempo é tanta sujeira escondida, que se torna impossível utilizar o tapete, a não ser com uma limpeza geral.
É o que acontece com o processo de mascaramento.
A única forma de nos libertarmos dos sentimentos egoicos é por meio da aceitação, desidentificação e transmutação deles e a identificação com os sentimentos do Ser Essencial, processo que denominamos de autodescobrimento e que é gerador do autoencontro.
A aceitação é o movimento de amar o próprio ego, por mais paradoxal que pareça esta afirmação.
Normalmente as pessoas têm uma postura de combater os sentimentos egoicos evidentes, voltando-se contra eles como se fossem inimigos a serem aniquilados.
Costuma-se dizer que precisamos combater a raiva, a violência, a ansiedade, etc. como se eles fossem nossos adversários.
Este movimento de combate aos sentimentos egoicos é uma postura, também, de desamor.
Ora, não se acaba com um sentimento negativo com outro sentimento negativo.
É necessária uma outra energia – o amor – para poder transmutar esses sentimentos.
Para nos libertarmos dos sentimentos negativos é preciso tratá-los como amigos evolutivos.
Quando não aceitamos que temos os sentimentos negativos que trazemos – os nossos adversários internos –, ficamos aprisionados em nós mesmos, identificados com os sentimentos egoicos, vivenciando-os amplamente ou reprimindo-os, vitalizando as máscaras do ego sem liberdade para superar, verdadeiramente, a nossa insipiência.
Somente os transformando em aliados, verdadeiros amigos, é que podemos evoluir.
O ego é apenas ignorância a ser transformada e não algo execrável a ser exterminado ou mascarado.
O ego é a sombra que ainda não se fez em luz necessitando, apenas, ser iluminado e não rejeitado.
Todo esse conflito de não nos aceitarmos com os sentimentos egoicos negativos, tornando-os adversários, gera tormentos desnecessários, pois temos a possibilidade de transformá-los em amigos.
Isso nos atrasa o processo evolutivo, porque ficamos estagnados, impedindo a nós mesmos de evoluir.
Essa postura de desamor pelo ego é semelhante ao movimento de se jogar álcool no fogo, para apagá-lo; ele é líquido e incolor como a água, mas é comburente e somente vai alimentar mais o fogo.
Para apagar o fogo precisamos de um líquido que amenize o fogo: a água.
Da mesma forma somos convidados a amar o ego, isto é, aceitá-lo como ele é, para poder aplacar a sua energia e conduzi-la adequadamente, como fazemos com o fogo que queremos apagar.
É importante analisar que os sentimentos do ego não são opositores de nós mesmos em essência.
São apenas sentimentos que surgem onde o exercício do amor se faz ausente, por isso, ao levar o amor essencial ao ego, estaremos dando o primeiro passo para nos libertarmos dos sentimentos egoicos, preparando-nos para a desidentificação e transmutação.
A desidentificação é uma consequência natural da aceitação.
Faz-se necessário perceber e aceitar que temos sentimentos negativos a serem transformados, mas que não somos negativos em essência (desidentificação do ego).
A aceitação que temos esses sentimentos negativos (desidentificação do ego), mas que somos essencialmente bons, belos, amorosos (identificação com o Ser Essencial), nos libertará da culpa pelos equívocos que cometemos e, por meio da transmutação, possibilitará a nossa transformação interior para melhor pelo amor, liberando-nos de muitas amarras que impedem o nosso autodesenvolvimento, fazendo com que nos responsabilizemos pela construção de nossa felicidade e plenitude.
A transmutação dos sentimentos egoicos é realizada pela identificação com os sentimentos do Ser Essencial e, consequentemente, pela prática dos atos de amor por si mesmo, por outras pessoas, pelos animais, plantas, pela natureza, enfim, pelo cosmos.
A identificação com a energia de amor irá potencializar o Ser Essencial, gerando a identificação com o Terapeuta Interior, tendo como resultado a sutilização do Ego, propiciando a plenitude e felicidade, geradoras da saúde emocional.
Analisemos o exemplo da pessoa magoada, colocado anteriormente, dentro da proposta de aceitar, desidentificar e transmutar os sentimentos negativos, ao invés de dar vazão ou mascará-los.
Vejamos que é necessário ela aceitar que tem os sentimentos de ressentimento e ódio pela pessoa que foi instrumento para que ela se magoasse (aceitação dos sentimentos egoicos), mas que ela é muito mais do que esses sentimentos, que ela não é esse ódio e esse ressentimento (desidentificação dos sentimentos Egoicos), que ela é essencialmente amorosa, capaz de perdoar (Identificação com o Ser Essencial).
A seguir vem a transmutação que ocorrerá pelo amor e perdão (potencialização do Ser Essencial e sutilização do ego).
Isto poderá lhe trazer, além da paz interior, a cura de doenças como o câncer e outras, como têm demonstrado as pesquisas realizadas por inúmeros cientistas no mundo todo, especialmente as desenvolvidas pelos oncologistas americanos Drs. Carl Simonton e Bernie Siegel[1].
Se a pessoa optou por mascarar os sentimentos de mágoa, ódio e ressentimento deverá, necessariamente, reconhecer as suas máscaras e, a partir daí realizar a aceitação que ela não é tão pura e perfeita quanto parece ou deseja, que existem sentimentos negativos escondidos atrás daquelas máscaras, feridas a serem cicatrizadas e não escondidas (retirada das máscaras).
E a partir daí seguir o mesmo caminho colocado anteriormente.
A conclusão que chegamos é que, para se conquistar a saúde emocional, é necessário o amor.
O amor a nós mesmos, ao nosso próximo, à vida e a Deus.
Todas as dificuldades por que passamos são termômetros da nossa capacidade de amar.
Quando surgem as dificuldades na vida, em forma de doenças ou de obstáculos vários, se conseguirmos transmutá-los por meio da generosidade do amor, então, estaremos bem, podendo curar ou aliviar quaisquer doenças de ordem física ou mental, transporemos barreiras, alargando, assim, as nossas possibilidades.
Entretanto, se ao contato com as dificuldades, esmorecemos e nos conectamos com as nossas negatividades egoicas – dando vazão a elas ou mascarando-as –, a situação da doença se agrava e adiamos a oportunidade de crescer, de ampliar nossas conquistas, tornando-nos pessoas saudáveis e felizes.
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[1] Para maiores informações sobre esta questão consulte as obras dos oncologistas Dr. Carl Simonton e Bernie Siegel
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