fbpx

Saiba como desenvolver a inteligência consciencial por meio da prática das virtudes

A Psicoterapia Consciencial atua auxiliando o cliente a desenvolver a inteligência consciencial. Para exemplificar como isso acontece reflitamos sobre a história a seguir:

Elisabete, 38 anos, solteira, vive com a mãe, D. Almerinda, de 68 anos. Elisabete tem muito ressentimento e mágoa em relação à mãe, uma senhora muito dominadora e autoritária. Ela se queixa muito da sua condição de vítima das circunstâncias, porquanto a mãe lhe proporcionou uma educação muito castradora e repressora, chegando a ponto de sufocá-la em seus anseios e ideais.

Por isso, cultua esse sentimento de mágoa, chegando, muitas vezes, a “quase” odiar a mãe, segundo suas palavras. Quando tem tais sentimentos, sente-se muito culpada. Ela pensa: como eu posso ter tanto rancor da minha própria mãe, logo eu que sempre procurei ser uma boa filha?

Em virtude disso, ela busca reprimir esses sentimentos atendendo todos os desejos da mãe, mesmo contra a sua vontade. Segundo diz, procura ser uma boa filha, fazendo o que a mãe deseja, mesmo quando isso só diz respeito a ela, por exemplo, na escolha dos seus namorados que nunca satisfazem a mãe; o que ela deve vestir; a carreira profissional a seguir etc. Acha que é por isso que não conseguiu se casar, nem ter uma carreira profissional promissora porque nunca fez o que quis, mas sim o que a sua mãe escolheu. Com isso, Elisabete sente-se profundamente insatisfeita, chegando a odiar surdamente a mãe.

Muitas vezes, pensa que as coisas poderiam ser diferentes, que ela poderia ter agido de forma diferente desde a infância e a adolescência, mas isso fica apenas em suas cogitações mentais.

Às vezes, ela tenta livrar-se do jugo da mãe, rebelando-se contra a situação, maltratando-a, dizendo que não aguenta mais e que vai embora deixando a mãe sozinha sem ninguém. Após essas crises, Elisabete se sente mais culpada e entra em depressão, ficando muito infeliz durante semanas a fio. Passada a crise, volta a ter os mesmos procedimentos de antes, porque aprendeu desde pequena que uma boa filha deve sempre fazer a vontade dos pais e não consegue se libertar dessa crença.

Leia também: Psicologia Consciencial, Espiritualidade e Religiosidade

Vive dessa forma há vários anos, alternando crises de revolta e agressividade contra a mãe, que ela prontamente reprime entrando em depressão, na qual se torna apática. Conforma-se com tudo o que a mãe faz, num ciclo vicioso de alternância entre rebeldia e apatia.

Analisemos esse caso de conflitos interpessoais entre mãe e filha, buscando como ele pode resolvido se Elisabete desenvolver a inteligência consciencial.

Elisabete tem feito escolhas egoicas evidentes e mascaradas que lhe produzem muitos conflitos conscienciais, pois tem se distanciado da principal lei moral, que é a lei de amor, que nos convida à identificação com o amor ínsito no Ser Essencial que somos.

Vejamos:

  • Desamor por si mesma: insatisfação, autoanulação, culpa, repressão de sentimentos, depressão, infelicidade.
  • Desamor pelos outros (mãe): ressentimento, mágoa, ódio, revolta, maus-tratos, chantagem emocional.
  • Pseudoamor por si mesma: autopiedade.
  • Pseudoamor pelos outros (mãe): martírio, máscara de ser a filha “boazinha” para a mãe.

Elisabete tem feito escolhas profundamente egoicas, pois não tem se identificado com o Ser Essencial que ela é; ao contrário, somente dá vazão aos sentimentos do ego, mesmo quando acredita que está tendo uma atitude correta, sendo a “boa” filha.

É claro que produz com isso muitos conflitos conscienciais, que são sinalizadores de que algo não vai bem, mas em vez de aproveitar os conflitos conscienciais para exercitar as virtudes, de modo a resolvê-los, Elisabete aprofunda os conflitos, gerando a fissão do eixo ego-Ser Essencial por meio da culpa cultuada sistematicamente, produzindo cada vez mais uma ruptura que se aprofunda por meio do transtorno neurótico da depressão.

Se a causa desses conflitos não for trabalhada por meio de um processo reeducativo, inteligente consciencialmente, pode acabar por gerar profundos transtornos neuróticos e até psicóticos, culminando com uma profunda insatisfação pela vida, depressão com riscos de suicídio.

Torna-se necessário que Elisabete busque se educar por meio do desenvolvimento da inteligência consciencial.

O primeiro passo é fazer a escolha consciencial para exercitar as virtudes do amor e da verdade essenciais para reconhecer a realidade na qual ela vive, de desamor e pseudoamor, de modo que se disponha gradualmente por exercitar as virtudes que irão transmutar os sentimentos egoicos que ela tem cultuado, por mais trabalhoso que seja esse processo.

A escolha consciencial é um processo no qual utilizaremos as próprias tendências e sentimentos do ego como instrumento de evolução, pois o problema principal não são os sentimentos egoicos, e sim o não exercício das virtudes.

É imprescindível que Elisabete reconheça que é um espírito imortal em evolução e que a sua ligação com a mãe não é circunstancial, e sim existencial. Hoje, atuando com a personalidade de Elisabete, ela traz uma tendência muito grande à passividade desde criança. Essa é uma característica de uma subpersonalidade vivida em uma ou mais existências no seu passado espiritual, que ela traz sob a forma de tendência a ser ressignificada, contudo tem usado a personalidade atual para reforçar a tendência e não para se reeducar, conforme traz como compromisso consciencial.

Todos trazemos tendências das experiências vividas em existências passadas em nossas subpersonalidades para serem reeducadas, utilizando-se a personalidade atual em sintonia com o Ser Essencial, mas quase sempre identificamos a personalidade atual com as tendências do ego e, em vez de a educar, tornamos a personalidade atual muito doente, sofrendo a influência da subpersonalidade do passado, como tem feito Elisabete, ampliando as tendências egoicas do passado.

O exercício da virtude da verdade vai demonstrar que ela não é a boa filha que pensa e que não vai se libertar dos sentimentos egoicos evidentes do ódio, do ressentimento, da mágoa que ela tem pela mãe, simplesmente atendendo a todos os seus desejos, porque essa atitude é um falso amor e gera para ela somente frustração e descontentamento.

Vejamos, resumidamente, o que Elisabete deve exercitar:

  • AMOR POR SI MESMA: para Elisabete agir com inteligência consciencial, é necessário que ela busque a aceitação de que possui sentimentos negativos em relação à mãe, fruto da atuação opressiva dessa.

O exercício da virtude da aceitação é fundamental para a transformação de um sentimento egoico, evidente ou mascarado. Quando reprimimos um determinado sentimento como faz Elisabete e nos sentimos culpados por isso, estamos tendo, por nós mesmos, uma atitude de desamor que não resolve problema algum. Ao contrário, aquele sentimento se avoluma enquanto é mascarado pelo pseudoamor.

Quando aceitamos que temos sentimentos egoicos negativos, mas que somos mais que esses sentimentos, ou seja, que somos, em essência, pessoas boas, amorosas, que ainda têm sentimentos negativos e que estamos sendo convidados a transmutá-los desenvolvendo virtudes, praticamos a lei de amor por meio do exercício efetivo da virtude do amor por nós mesmos e pelos outros, porque não estaremos mascarando os nossos sentimentos para fingir que não temos nenhuma limitação.

O exercício das virtudes da sinceridade e da autenticidade está intimamente ligado à virtude da aceitação, pois a mudança somente acontece como um processo no qual buscamos nos acolher com os sentimentos negativos, sem nos acomodarmos com eles, mas aceitá-los como impermanentes, transitórios, que cabe a nós mesmos transformar, libertando-nos dos conflitos conscienciais.

Outra virtude imprescindível para que Elisabete desenvolva é o perdão, tanto o autoperdão como o perdão à mãe. A culpa é um dos sentimentos egoicos que mais gera a fissão do eixo ego-Ser Essencial, pois é formada de três outros sentimentos: o autojulgamento, a autocondenação e a autopunição.

Quando se culpa pela reincidência nas escolhas egoicas sem fazer esforços para realizar as escolhas conscienciais, a pessoa vai se negando de forma cada vez mais intensa o acolhimento por meio do amor essencial, intensificando o ódio a si mesma, que vai gerar doenças como a depressão e outras ainda mais graves, caso não seja modificado.

É importante lembrar que o autoperdão não é ignorar o mal que se tem praticado, no caso de Elisabete os sentimentos de ódio e agressividade em relação à mãe. O autoperdão é tomar consciência do mal que se tem praticado aos outros e, principalmente, a si mesmo e a partir da virtude da autoconsciência, outra virtude fundamental para transmutar a culpa, começar a agir para reparar o mal por meio do bem, a começar por si mesmo, fazendo a escolha consciencial de cumprir a lei de amor, praticando as virtudes.

Outra dificuldade com relação ao perdão é acreditar que o aloperdão (perdão ao outro) é algo bom que estamos ofertando ao outro em retribuição ao mal que este nos fez, mas não é isso. O aloperdão é um grande ato de autoamor, porque nos liberta do ressentimento e da mágoa, que nos pesa de forma muito grande. Usando uma analogia, é um ato de curar as feridas que os outros nos fizeram, usando o medicamento do amor e não machucá-las continuamente com o ressentimento e a mágoa, que funcionam como se fossem estiletes a perfurar as feridas que trazemos em nós.

Quando cultuamos a mágoa e o ressentimento, com certeza nós ferimos bastante os outros, como faz Elisabete à sua mãe, mas a principal pessoa que é ferida somos nós mesmos, pois esses sentimentos machucam intensamente as nossas feridas interiores.

Outra virtude que Elisabete deve exercitar é a autoafirmação para colocar limites em sua relação com a mãe, de modo a se libertar da autoanulação que se impôs como forma de lidar com a situação.

Agindo assim consigo mesma, ela irá se libertar dadepressão e da infelicidade por meio da alegria existencial de estar utilizando a personalidade atual para se curar das matrizes que traz de outras reencarnações para serem transformadas nesta, atuando de forma consciente.

  • AMOR PELOS OUTROS (mãe): para Elisabete agir com inteligência consciencial em relação à mãe, é fundamental que faça o trabalho de aceitação que possui os sentimentos de mágoa, ressentimento e ódio em relação à mãe, sem descarregá-los em cima da mãe, como acontece em suas crises, e sem mascará-los, fazendo o papel da “boa filha” que atende todos os desejos maternos.

No relacionamento com a mãe, Elisabete será convida a cultivar virtudes como o respeito, a sinceridade e a autenticidade, expondo à mãe as suas vontades e afirmando-lhe como se sente contrariada, magoada quando ela tenta impor os seus desejos em detrimento de sua vontade. Explicar à mãe que ela não vai fazer o que esta deseja simplesmente para agradá-la, porque isso representaria uma atitude de autoviolentação, acaba gerando uma autoanulação para satisfazê-la, tornando-se, com isso, profundamente insatisfeita e revoltada.

O exercício das virtudes da sinceridade, da autenticidade e do respeito tanto por si mesma quanto pela mãe vai gerar uma energia harmoniosa dela em relação à mãe, mesmo que esta não aceite a sua atitude e continue tentando se impor sobre ela.

No exercício de virtudes, é importante que lembremos que essa é uma escolha consciencial pessoal e que as pessoas de nosso relacionamento nem sempre nos entenderão. Por isso, quando Elisabete começar a dizer não com respeito e suavidade à sua mãe, esta que se acostumou a manipulá-la vai acreditar que ela está pior. Porém, ao contrário, Elisabete estará cada vez melhor, porquanto se dispôs a cultivar o verdadeiro o amor e não o falso que fazia antes.

Em síntese, inteligência consciencial é a arte de desenvolver uma postura proativa diante da vida, em que são realizadas as escolhas conscienciais para utilizar da oportunidade de estarmos reencarnados em uma nova personalidade para reparar os erros cometidos no passado a partir da identificação desta com o Ser Essencial que somos e não com o ego que temos, como já fizemos muitas vezes, de modo a curar as subpersonalidades doentes que trazemos em forma de tendências muito arraigadas, mas que temos todas as condições de transmutá-las com esforços continuados, pacientes, perseverantes e disciplinados.

Agindo assim, desenvolveremos cada vez mais o equilíbrio e a harmonia interior, conquistados a partir do desenvolvimento do autoamor e, por consequência, criar relacionamentos equilibrados e harmonizados com outras pessoas, por meio do aloamor.

Para mais conteúdos como este, acompanhe o nosso Blog por aqui e siga também as nossas redes sociais! Facebook, Instagram e Youtube.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *