Você sabe qual o maior propósito de sua vida?
Neste artigo sobre Psicologia Consciencial refletiremos sobre como o propósito existencial é formulado e a importância dele para a sua vida.
Na Psicologia Consciencial, refletimos sobre o plano existencial como uma realidade obtida por meio de observações da regressão de memória de centenas de nossos clientes.
A esse respeito, contamos também com as pesquisas sobre o período entre uma reencarnação e outra feitas pelo Joel L. Whitton, M.D. PhD, professor de psiquiatria da Universidade de Toronto, Canadá, especializado na técnica da hipno-regressão.
Elas trazem elucidações bastante oportunas sobre o plano existencial. O Dr. Whitton escreveu um livro intitulado Vida – transição – vida: explorações científicas no tempo de transição entre uma encarnação e outra, em parceria com o jornalista Joe Fisher, que fez a redação do texto a partir dos dados compilados pelo Dr. Whitton.
A partir da regressão de memória de centenas de pacientes que se submeteram à terapia regressiva por hipnose, o Dr. Whitton buscou explorar o estágio vivido na dimensão espiritual, que ele denomina de bardo.
Os relatos dos pacientes coincidem em muitos pontos, dentre os quais a revisão de avaliação da última encarnação e a programação da próxima encarnação.
Vejamos alguns trechos da obra Vida – transição – vida, que abordam a questão da programação que fazemos antes de reencarnar.
A descoberta mais significativa do Dr. Whitton é a de que muitas pessoas planejam suas vidas futuras enquanto estão desencarnadas. O conhecimento de si mesmo adquirido no processo de revisão possibilita à alma tomar decisões vitais que determinarão a forma de sua próxima encarnação.[1]
[…]
O planejamento para a vida seguinte é frequentemente realizado em consulta a outros espíritos com os quais foram estabelecidos vínculos durante muitas vidas. E isso quer dizer que a escolha do tempo e do lugar de nascimento é de extrema importância. […]
A reencarnação em grupo, na qual o mesmo grupo de almas evolui por meio de relacionamentos constantemente mutáveis em vidas diferentes, repete-se com frequência de acordo com os pacientes do Dr. Whitton. O “roteiro Kármico” geralmente exige renovado envolvimento com pessoas que, agradável ou desagradavelmente, figuravam em encarnações anteriores. Nas palavras de uma pessoa: Há pessoas a quem não tratei muito bem na minha última vida, e tenho que voltar ao plano terrestre para compensar essa dívida. Dessa vez, se elas me magoarem, vou perdoá-las.[2]
[…]
Para serem colocados numa situação convenientemente kármica, alguns pacientes foram aconselhados a aceitar corpos defeituosos, em prol de um desenvolvimento superior.[3]
[…]
Nem todos os planos são realizados com termos tão específicos. Personalidades menos desenvolvidas parecem precisar de um plano esquemático detalhado, ao passo que almas mais evoluídas concedem a si mesmas um esboço geral, para que elas possam agir mais criativamente em situações decisivas.[4]
[…]
Os que fracassam repetidamente em superar grandes desafios descobrem que são instados a se colocarem em situações semelhantes até que esses desafios sejam vencidos com sucesso. As pessoas que cometem suicídio são frequentemente tomadas por um sentimento de temor no estágio entre as vidas; elas sabem que devem voltar para lidar com o nível de dificuldade que levou à sua saída prematura do plano terrestre.[5]
[…]
A aquisição de conhecimentos no estágio entre as vidas prepara o espírito para a sua próxima encarnação e para colocar em prática o que foi aprendido. Somente pela aplicação prática pode-se atingir a mestria. A maioria dos pacientes do Dr. Whitton já se encontrou trabalhando arduamente em grandes salas de aulas equipadas com bibliotecas e salões de conferência. Médicos e advogados, por exemplo, relatam terem estudado suas respectivas disciplinas durante o estágio entre as vidas, ao passo que outros lembram-se de terem se aplicado ao estudo de temas como as “leis do universo” e outros temas metafísicos. […] O processo de planejamento nos diz que a maior parte do que acontece na Terra já foi ensaiado, num grau maior ou menor, no estágio entre as vidas. […] Um plano pode ter sido feito mas não tem de ser obrigatoriamente implementado. Assim sendo, será possível dizer no decorrer da vida se estamos sendo fiéis às nossas intenções do estágio entre as vidas? As respostas devem vir de dentro de nós. Aqueles que estão realizando os seus roteiros kármicos, ou que até mesmo foram além deles, têm uma sensação interior de que a sua vida está se desenrolando como deve. Aqueles que se desviaram do roteiro sentem, em vez disso, que tudo está fora de controle. Predomina o caos. [6]
[…]
Antes de entrar no plano terrestre, a entidade passa através de uma barreira etérea que serve para reduzir as vibrações da sua consciência. Além dessa barreira – simbolizada pelo clássico Rio do Esquecimento – a lembrança da magnificência do bardo se dissolve. Essa amnésia tem um valor inestimável, uma vez que previne a interminável vinculação e saudade das maravilhas que foram deixadas para trás e permite que o indivíduo entre na vida livre dos confusos egos das más ações do passado. Igualmente importante, o conhecimento de qualquer plano que a alma possa ter feito para a vida vindoura é necessariamente dominado. Da mesma forma que é ilógico que um aluno receba as respostas antes de sentar-se para fazer a prova, assim também o teste da vida requer que certas informações sejam temporariamente afastadas da mente consciente[7].
Muitos profundos os relatos auferidos pelo Dr. Joel Whitton a partir da regressão de memória dos seus pacientes à programação que fizeram antes de reencarnar.
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Demonstram que as nossas responsabilidades frente ao plano existencial são muito grandes.
Aliás, a esse respeito a conclusão que o Dr. Whitton chegou dos relatos dos pacientes foi a seguinte: “Nós somos inteiramente responsáveis pelo que somos e pelas circunstâncias nas quais nos encontramos. Somos nós que fazemos a escolha”.[8]
Diz o Dr. Whitton:
Essa absoluta responsabilidade pessoal pode ser vista como liberdade no fio de navalha, mas o terror é mitigado pelo fato de sabermos que estamos todos participando de um extraordinário processo evolucionário que reveste cada pensamento, palavra e ato de significado e propósito. Tendo vislumbrado como cada encarnação sucessiva é escolhida com base no passado do espírito, os viajantes que se lançam no estágio entre as vidas voltam para esta vida mais conscientes de suas responsabilidades. Mas eles também conservam um forte apreço da sensibilidade moral em operação no macrocosmo, uma sensibilidade que permeia a sua própria viagem, incrivelmente complexa, para dentro e para fora da vida encarnada. […] Depois de terem espreitado o mundo do além dizem: “Nós finalmente possuímos motivos pelos quais devemos viver; e não somente estamos ávidos por viver, como acalentamos uma melhor esperança na morte”[9].
Somos, portanto, responsáveis por tudo que acontece enquanto estamos ocupando uma personalidade transitória no corpo.
Estamos encarnados mais uma vez para cumprir um plano muito bem elaborado com o auxílio de outros espíritos muito sábios.
O cumprimento do sentido existencial é realizado por meio do plano existencial composto do propósito e do programa existenciais.
Pelo propósito produzimos sentido existencial e pelo programa emanamos esse sentido.
Voltemos a refletir a partir do relato dos pacientes do Dr. Whitton extraído do livro Vida – transição – vida para vermos o grande significado que é a reencarnação em várias vidas sucessivas para a conexão com o código moral de leis e a prática das virtudes:
As evidências em processo de reavaliação sugerem que a “ponte aérea” do renascimento é um requisito evolucionário que nos concede o meio de aprender com a experiência e, através do aprendizado, de realizarmos nosso vasto potencial. Uma vida só não basta. A principal especialista no mundo em tanatologia, a dra. Elizabeth Kübler-Ross, escreveu que é “praticamente impossível” que cumpramos nosso destino numa única vida. Terapeuta que trabalha com regressão, o Dr. Morris Netherton argumenta: “A natureza precisou de dez milhões de anos para construir o Grand Canyon. Eu não consigo acreditar que são necessários somente setenta ou oitenta anos para a construção da alma do homem.” Os estudos de caso do Dr. Whitton confirmam que nós constantemente trocamos o estágio entre as vidas pela existência encarnada com a intenção expressa de empregar maior esforço para o aprimoramento do nosso eu mais íntimo. Não há substituto para a experiência pessoal e somente escolhendo diferentes corpos, de acordo com as nossas necessidades, podemos aprender a partir de uma multiplicidade de perspectivas.
Na Terra, a imersão em vidas que passam por períodos de guerra, que sofrem doenças, crimes, que conhecem a riqueza, a maternidade, o confinamento, a fama, a culpa, que chegam a passar fome, que sofrem desilusão e muitas coisas mais, serve para estimular o crescimento do conhecimento, da sabedoria, da compaixão e de tudo o mais que nos prepara para o elevado estado que está além da atração da encarnação terrena[10].
Todas as pesquisas com regressão de memória demonstram que a evolução espiritual acontece por meio de várias existências sucessivas, nas quais somos convidados a aprender o que não conseguimos nas anteriores.
Portanto, o grande objetivo de estarmos mais uma vez encarnados em uma personalidade transitória é o de evoluirmos, aprendendo com as várias experiências que a vida no corpo nos faculta.
Para sintonizar com o plano existencial uma questão fundamental é formular as perguntas conscienciais que o indivíduo faz quando começa adquirir o conhecimento de si mesmo:
Por que existo?
Qual o sentido da minha vida?
Para que existo?
O propósito existencial tem a ver com as perguntas: Por que existo? Qual o sentido da minha vida? O propósito existencial que todos trazemos é o de sublimar o ego, na chamada individuação.
É claro que essa sublimação não acontece em um curto espaço de tempo, por isso em cada existência temos um propósito existencial específico, que é a transmutação de um sentimento egoico que se sobressai frente aos outros.
Cada indivíduo traz o seu propósito existencial particular.
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Uma forma de se refletir qual é o propósito da atual existência é analisar qual é a sua principal limitação emocional.
Uma vez conhecida essa limitação, o propósito será desenvolver a virtude que a transmuta.
Para isso, é necessário um exercício de autoconhecimento.
O primeiro passo é reconhecer qual o seu principal sentimento egoico, que se manifesta constantemente nas várias circunstâncias de sua vida.
Cada pessoa tem uma necessidade nessa área.
Há pessoas que trazem insegurança, outras incredulidade, outras uma culpa muito intensa, outras ansiedade, outras o orgulho exacerbado etc.
Um método para percebermos esse sentimento egoico é por meio do autoquestionamento, fazendo perguntas conscienciais em momentos que percebemos os conflitos conscienciais e sentimos os incômodos gerados por eles para saber que tipo de sentimentos geram esses conflitos:
No momento que sinto esse conflito ou esse incômodo, qual é o sentimento que se destaca?
Qual é esse sentimento que, muitas vezes, tenho medo de pensar nele, querendo até fugir de mim mesmo?
O sentimento egoico ligado ao propósito é aquele que é mais recorrente nos conflitos conscienciais.
Ele se manifesta a todo momento, muitas vezes várias vezes ao dia.
Após identificar o sentimento egoico, devemos encontrar a virtude ou as virtudes que sublimam esse sentimento. Nos exemplos acima, as virtudes são: insegurança–autoconfiança, incredulidade–fé convicta, culpa–autoconsciência e autoperdão, ansiedade–serenidade, orgulho-humildade etc.
Quando sentirmos qual é a virtude, conectar-nos-emos de uma forma mais intensa com o nosso plano existencial, pois esse é o nosso propósito existencial, ou seja, a virtude mais importante a ser desenvolvida na presente reencarnação, de modo a sintonizar a personalidade com o Ser Essencial, produzindo a fusão do eixo ego/Ser Essencial.
É claro que todos trazemos outros sentimentos egoicos, mas a cada reencarnação somos convidados a sublimar um ou dois deles, porque é impossível sublimar todos ao mesmo tempo.
Entretanto, como as virtudes são solidárias outras virtudes também serão desenvolvidas juntamente com a do propósito, e, quando se desenvolve uma, as demais também são estimuladas, mas o cuidado específico será com aquela que transmuta o sentimento egoico mais arraigado.
Vejamos alguns exemplos de propósitos existenciais: uma pessoa com grandes dificuldades de autoestima e de autoacolhimento amoroso teria como propósito desenvolver o autoamor. Já uma pessoa com um sentimento de indiferença enorme pelo bem-estar dos outros pode ter como propósito desenvolver o amor incondicional e a compaixão.
Outra que traz em si uma dúvida existencial imensa a ponto de desconfiar da existência de Deus e de si mesma como um espírito imortal teria como propósito desenvolver a fé convicta.
Alguém que traz uma culpa constante por tudo o que realiza tem como propósito desenvolver a autoconsciência e o autoperdão.
Outra que traz uma insegurança existencial intensa tem como propósito desenvolver a segurança existencial.
Alguém que traz uma tendência a se irritar, encolerizar com muita frequência diante de várias circunstâncias pode ter como propósito desenvolver a flexibilidade e a paciência.
Poderíamos elencar uma série de situações nas quais as pessoas trazem sentimentos egoicos muito desafiadores de se trabalhar.
Por isso, a necessidade de fazer exercícios de autoconhecimento sozinho ou com ajuda de um psicoterapeuta para saber qual é o sentimento egoico mais arraigado.
Vejamos um dos casos que o Dr. Whitton cita em seu livro Vida – transição – vida, no qual o propósito existencial de uma cliente desenvolver a compaixão fica bem explícito:
Uma mulher, mãe de três crianças, cujo marido morrera num acidente de avião em 1971, está pagando diretamente por suas ações de mil anos atrás. Sob hipnose, ela se viu como uma líder religiosa na civilização maia da América Central, a qual se comprazia em sentenciar à morte, por meio de sacrifícios, qualquer um que discordasse dela. Hoje ela está tendo que enfrentar as mesmas provações de se ver privada dos entes queridos que ela outrora impingia aos outros. A metaconsciência revelou que ela tinha planejado desenvolver a compaixão nesta vida.[11] (grifos nossos)
A realização do propósito existencial será, portanto, um convite da vida em todas as circunstâncias da nossa existência.
Durante a existência, passaremos por inúmeras experiências-desafio, para que possamos desenvolver o propósito existencial.
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[1] WHITTON, J.; FISHER, J. Vida – transição – vida: Explorações científicas no tempo de transição entre uma encarnação e outra. São Paulo: Pensamento, 1986, p. 60
[2] Ibidem, p. 61
[3] Ibidem, p. 62
[4] Ibidem, p. 62
[5] Ibidem, p. 63
[6] Ibidem, p. 65, 66
[7] Ibidem, p. 69, 70
[8] Ibidem, p. 73
[9] Ibidem, p. 73, 74
[10] Ibidem, p.88
[11] Ibidem, p.94.
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