O conceito de consciência na abordagem da Psicologia Consciencial transcende aquilo que tem sido abordado no tema tanto na psicologia, na psiquiatria, como nas neurociências.
Seria a consciência um epifenômeno do cérebro? Na concepção de muitos cientistas, neurocientistas, psiquiatras, psicólogos e certos filósofos materialistas ou positivistas, a consciência humana é um fenômeno secundário e condicionado por processos fisiológicos cerebrais, ou seja, um epifenômeno cerebral, no qual as funções bioquímicas, elétricas, moleculares etc. do cérebro gerariam a consciência.
Segundo esses cientistas o ser humano não pensa realmente de forma autônoma, ou seja, são os processos químicos e físicos dos neurônios que decidem quem é você, o que você pensa, como se sente, o que você faz, qual o sentido de sua vida etc.
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Por exemplo, quando você dorme há um fenômeno muito sui generis. Quando começa a dormir é como se você se desligasse do ambiente externo. Os cinco sentidos vão sendo abrandados a ponto de você não perceber mais o que está ouvindo, nem o tato do corpo, nem a visão, enfim, todo o ambiente externo começa a se esmaecer para você. Quando começa o processo de intensificação do sono você ainda mantêm a consciência do eu e a vai mantendo até o momento em que tudo parece se apagar e você dorme, entrando na chamada inconsciência.
Amanhece um novo dia e você vai voltando ao estado de vigília, acontece o retorno ao nível de onda cerebral beta, e fisiologicamente vai se apercebendo de você mesmo e quando você abre os olhos você tem certeza de que você é você. Do ponto de vista da visão mais aceita pela neurociência, como isso é possível? É o seu cérebro que avisa para você que você é você, qual a sua profissão, se você é casado ou solteiro, quem são as pessoas que você nutre afeto, o que irá fazer naquele novo dia etc., pois a consciência não passa de um epifenômeno do cérebro.
Vejamos que há uma profunda incoerência nesse pensamento. O cérebro em si é um órgão que funciona por mecanismos bem complexos, mas que em realidade é feito de células, os neurônios. Por essa visão é como se as células tivessem consciência de si mesmas. Elas é que combinadas umas com as outras vão dizer quem você é.
Essa teoria se fundamenta no fato de que danos em regiões específicas gerem dificuldades várias, inclusive distúrbios de personalidade. Outra linha de pesquisa, baseada em imagens de ressonância magnética funcional, demonstra que áreas do cérebro assumem funções bem específicas, dependendo daquilo que é solicitado para a pessoa, inclusive questões de ordem emocional. Dessa forma, atribui-se, de uma forma simplista, a consciência ao funcionamento do cérebro.
Por esse modelo explicativo tudo se resume ao cérebro. Fazendo uma analogia é como se alguém dissesse que um aparelho televisor gerasse tudo o que é transmitido por ele, pois se alguma peça danificar a imagem desaparece e que tudo o que estava sendo mostrado não passasse de um epifenômeno do aparelho.
Nesse modelo deveríamos considerar o cérebro a causa e o pensamento o efeito. Porém, se o cérebro é a causa e o pensamento é o efeito, como explicar os fenômenos em que as crianças com idade de apenas cinco anos, ou menos, poderem produzir teorias e oferecer conhecimentos de gênio a ponto de oferecer palestras, estudos, cirurgias, concertos, como é o caso das crianças prodígio, como o menino Edward Yudenich do Usbequistão, que começou a tocar violino com um ano de idade e desde os sete anos atua como maestro de orquestra sinfônica, atividade que exige anos de estudo? Ou o caso de Akrit Pran Jaswal da Índia, que começou a falar com 10 meses de idade, ler escrever aos 2 anos, aos 6 anos debatia com médicos qualquer tema relacionado à medicina, aos 7 anos fez a sua primeira cirurgia, aos 11 anos foi convidado pelo governo indiano a estudar em uma universidade e, atualmente, trabalha como médico em Harvard em pesquisas relacionadas à cura do câncer? Ou o caso de March Tian Boedihardjo de Hong Kong, que iniciou os seus estudos na Universidade de Hong Kong, aos nove anos de idade, tendo concluído o seu doutorado em matemática e se tornado professor da Universidade da Califórnia, aos 18 anos de idade? Poderíamos citar dezenas de outros exemplos como estes. Como explicar o fenômeno dessas e outras crianças prodígios, cujos cérebros estão em formação, e que não tiveram tempo de aprender o que realizam?
Essas crianças prodígios não estão classificadas no rol de entendimento possível e, por isso mesmo, muitos teóricos acabam por se contradizer dizendo que isso vem de questões inatas no cérebro. Mas se vem de questões inatas do cérebro, como pode um cérebro já vir com aprendizado inato, ou seja, sem ter tempo e capacidade para aprender? De onde vieram os mecanismos das sinapses cerebrais que ativaram, como se diz, os padrões genéticos dos genes da genialidade de forma inata, muitas vezes com ascendentes que tem padrão normal de inteligência?
Em um ponto de vista materialista não é possível explicar esse fato de forma neurológica, pois o cérebro ainda está em formação, e muito menos psicológica, porque para uma pessoa expressar o que aprende leva-se um tempo e no quadro dessas crianças esse tempo é completamente contrário às expectativas, haja vista que elas expressam uma inteligência e capacidade cognitiva muito acima do normal e que apenas uma pessoa de trinta ou quarenta anos adquiriria num tempo de estudo bem razoável.
Há uma alternativa a essa ideia materialista? O que é de fato a consciência? O funcionamento do cérebro explica de fato a consciência humana? Explica a existência de sentimentos como o amor, a compaixão, o altruísmo, a benevolência, dentre outros? Explica a busca para um sentido transcendente da vida, presente nas pessoas mais conscientes? O materialista tenta ignorar essas perguntas evitando o assunto ou usa a resposta arrogante de que isso não tem nenhuma importância, simplesmente por não conseguir explicar uma série de fenômenos que acontecem e que são muito reais e inexplicáveis de forma simplista, como se tudo não passasse de um processo físico e bioquímico.
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Ao estudarmos, com seriedade, todas os fenômenos gerados pela consciência e pela mente vemos que essa teoria não passa de mais um dogma científico, tão irracional quanto os dogmas religiosos, que os cientistas buscam combater.
Uma abordagem realmente científica não deve partir de pressupostos inquestionáveis como vemos na abordagem materialista da neurociência, pois algo assim é dogmático. Em pleno século XXI nem as religiões dogmáticas estão se sustentando, pois as pessoas amadurecidas querem explicações plausíveis que estejam firmadas no quadro das leis da natureza.
Na Psicologia Consciencial abordamos a consciência não como um epifenômeno do cérebro, mas como um atributo do espírito que utiliza o cérebro, mas que independe deste.
Somente uma atividade ligada a uma consciência extracerebral pode explicar o que acontece com as crianças prodígios e outras questões de ordem transcendentes. Na verdade, são espíritos retornando ao corpo com conhecimentos adquiridos em outras existências, que em casos excepcionais são mantidos, como nos casos colocados acima e em muitos outros casos. As pesquisas sobre a reencarnação do Dr. Ian Stevenson, médico psiquiatra pesquisador da Universidade de Virgínia, corroboram esta tese.
Fazendo uma analogia, o cérebro manifesta a consciência à semelhança de uma força gravitacional em que a consciência é o centro imaterial que rege a gravidade das forças cerebrais. Porém, da mesma forma que a força gravitacional reúne os elétrons em torno do núcleo dos átomos; os planetas em torno das estrelas, em um sistema de equilíbrio; a consciência também produz a energia concreta, apesar de imaterial, que faz com que o cérebro funcione em sintonia neuroquímica por meio dos neurotransmissores e, assim, ativar os aspectos psicológicos, cognitivos e emocionais do ser humano.
Dessa forma, conseguimos entender o que é a consciência e a sua relação com o cérebro. A consciência é o processo imaterial, energético, que impulsiona o funcionamento do cérebro, mas a consciência em si é a atividade intelecto-moral do espírito, individualizada, imaterial, indestrutível, que põe em funcionamento o eu e que o cérebro registra e decodifica mediante todo o processo de influência do ambiente.
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