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Como lidar com os conflitos emocionais

Como lidar com os conflitos emocionais

O impulso de afastamento tem como base o desejo de se livrar dos conflitos geradores de incômodos emocionais, afastando-se deles e não os solucionando.

O impulso de afastamento está focado nos problemas e em uma suposta incapacidade em resolvê-los. É muito comum nas pessoas que usam os ganhos secundários da máscara do ego da vitimização gerada pela inércia e acomodação.

No entanto, todo ato de acomodação, que é cômodo a princípio, cedo ou tarde, vai gerar mais incômodos para a pessoa. Isso acontece até fisicamente, por exemplo, se a pessoa sentar em um lugar só e ficar parada, em inércia, daqui a pouco a pele a estará incomodando, e caso ela não mude constantemente de posição vai formar feridas na pele, as chamadas escaras.

Isso é mais verdadeiro nas questões conscienciais e emocionais, pois não fazer nada para mudar os nossos pensamentos e sentimentos egoicos, por mais cômodo que seja, inicialmente, porque permanecer na inércia é fácil, basta não fazer nada para mudar, porém é o fácil que vai tornando a vida cada vez mais difícil, devido aos incômodos que essa inércia nos traz.

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O que vai acontecer quando permanecemos na inércia? Em quaisquer circunstâncias, chega um momento em que os incômodos produzidos pelos problemas não resolvidos são maiores do que a própria acomodação. Como ninguém gosta de algo incomodando que o faz sofrer, o que o indivíduo faz? Começa a se movimentar. Ele se movimenta para quê? Para se afastar do incômodo. O incômodo gera sofrimento e mal-estar. Aí ele diz: não aguento mais essa vida e faz alguma coisa para diminuir os incômodos, sem solucionar os conflitos que os geraram, apenas atuando sobre os efeitos.

Ao realizar uma ação para minimizar os efeitos dos problemas estes diminuem, e o indivíduo logo volta à inércia, pois os incômodos voltaram ao mesmo nível da acomodação, até que eles se avolumem novamente e todo o ciclo recomece, em um círculo vicioso de acomodação/incômodos, o impulso para se afastar deles e novamente a inércia.

O indivíduo que se movimenta pelo impulso de afastamento está focado naquilo que ele não quer, expressado da seguinte forma: eu não quero sofrer; eu não quero ser inseguro e medroso; eu não quero ser infeliz; eu não quero errar, eu não quero… etc. Quem é que quer tudo isso? Ninguém! Contudo, se o indivíduo fica focado naquilo que não quer e realiza ações apenas para diminuir os incômodos gerados pelos problemas que ele mesmo cria, sem fazer esforços para solucioná-los na origem, ele pode passar a vida inteira dentro desse perfil. Ele vive reclamando de uma vida mais ou menos, mas não faz nada em profundidade para superar esse tipo de vida.

No impulso de afastamento, o indivíduo quer se afastar de um problema que ele acredita ter. Ele tem uma necessidade, contudo não pensa no resultado que vai obter solucionando o problema, mas em todo o trabalho que vai ter para conseguir esse resultado.

eu não quero sofrer; eu não quero ser inseguro e medroso; eu não quero ser infeliz; eu não quero errar, eu não quero… etc.

Quem age pelo impulso de afastamento, algumas vezes, até diz que quer muito ser uma pessoa mais equilibrada. Ela diz: eu quero ser uma pessoa mais calma, mas não consigo, mas não sou capaz, mas é muito difícil, mas é muito trabalhoso… Há sempre um “mas” que a impede de realizar o seu objetivo de vida, porque no fundo ela não quer realizar o trabalho para conseguir realizá-lo.

O seu foco principal é nos problemas e na sua suposta incapacidade em resolvê-los. Dizemos suposta, porque essa incapacidade não é real, pois se trata somente de uma crença limitadora, em que o indivíduo acredita que não é capaz, contudo, em realidade, ele apenas não quer fazer esforços para resolver a questão, visto que está focado nos ganhos secundários da acomodação e de se acreditar vítima das circunstâncias, colocando-se como incapaz.

Toda realização pede de nós o exercício da virtude do esforço para efetivá-la.

Em verdade, o significado dessa suposta incapacidade é que a sua vontade ainda é débil, pois não se dispõe a cultivá-la. Do ponto de vista da inteligência, o indivíduo é capaz, mas se faz de incapaz como se tivesse um quociente de inteligência abaixo da média, devido à sua debilidade da vontade, que é a pior debilidade que uma pessoa pode ter.

Temos visto pessoas até com uma deficiência em termos cognitivos, e estão realizando ações para mudar a própria vida. Existem pessoas com síndrome de Down, cujo QI é abaixo da média, tornando-se profissionais respeitados, até como atores de filmes e de televisão. Outros existem com debilidades físicas enormes, que são verdadeiros exemplos para aqueles que estão incapacitados pelo impulso de afastamento, que têm o intelecto intacto, o corpo normal, e por isso, têm tudo para viver de forma diferente, todavia não o fazem porque apresentam uma debilidade muito desafiadora de superar, enquanto não se dispuserem a isso, que é a debilidade da vontade.

O impulso de afastamento é cíclico, pois, uma vez que aconteçam melhoras nas condições que levaram o indivíduo a realizar uma ação, logo surge o desânimo, pois ele pensa no trabalho que vai dar para conseguir fazer o que é necessário, em vez de pensar no resultado da resolução dos problemas que tem. O indivíduo quer se afastar do problema sem solucioná-lo, como se isso fosse possível. Contudo, em um processo de autoengano, como o indivíduo está acomodado ele nutre a ilusão de que isso vai acontecer.

O impulso de afastamento acontece em todas as situações em que nos obrigamos a realizar alguma ação para nos afastar de um conflito gerador de incômodos. Inicialmente nos obrigamos, pois tememos as consequências em não resolver a questão, mas, como isso é fruto da obrigação, logo entraremos no autoboicote e aí voltamos ao padrão inercial que havia no início, até que as necessidades, devido à não realização da ação para resolver o problema, voltem a se avolumar e tudo recomeça.

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