A ruminação mental e a troca de energia mental tóxica nos relacionamentos; saiba como se libertar
Neste momento, no qual estamos vivenciando a pandemia do coronavírus o relacionamento familiar, especialmente o conjugal tem sido muito desafiador, mais do que em outras épocas devido à quarentena obrigatória em muitos lugares.
É muito comum nas situações desafiadoras o fenômeno da ruminação mental, ou seja, a falação interna que você tem constantemente consigo mesmo, repetindo incessantemente pensamentos e sentimentos negativos, gerando uma energia mental tóxica.
Neste artigo, vamos refletir sobre como a ruminação mental surge, geradora da energia mental tóxica pode dificultar ainda mais as situações desafiadoras e o que você pode fazer para se libertar desse processo.
Vamos começar refletindo sobre a relação entre Alice e Alberto.
Alice costuma ter muitas contendas com o seu marido Alberto devido à forma de pensar diferente sobre assuntos os mais diversos.
Quando o marido expõe o seu pensamento, Alice costuma contrapor com a sua própria forma de pensar, defendendo os seus pontos de vista, ironizando e sendo sarcástica com o esposo.
Essa postura faz com que Alberto, se inflame e volte-se mais ainda contra ela buscando argumentar e tentar convencê-la de que ele está certo e ela errada e vice-versa.
Essa estratégia é muito utilizada, ou seja, a de se defender, atacando o outro, seja de forma mascarada ou evidente.
É comum no relacionamento um acusar o outro das dificuldades que surgem na relação.
Alice costuma fazer acusações sutis, que ela mesma, muitas vezes, não percebe como acusações, mas que gera instabilidade no relacionamento.
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Essas acusações são fruto do processo de mascaramento do ego.
Por exemplo, quando ela diz para Alberto que respeita a opinião dele, mas que ele tem que pensar na forma como tem se posicionado porque poderia ser melhor, porque as coisas não são bem assim como ele pensa.
Outras vezes ela faz acusações e críticas bem explícitas.
Isso faz com que a relação de ambos se torne um ringue de litígio, que torna o relacionamento conjugal insuportável.
Alice resolveu mudar de atitude e buscou ajuda terapêutica para lidar com a situação criada na relação conjugal, pois se continuar dessa forma vão terminar se separando e não é isso que ela quer.
Ela ama o esposo e espera viver em harmonia com ele.
Para se lidar com conflitos na relação conjugal ou em qualquer relacionamento interpessoal há sempre três opções, duas egoicas negativas e uma proativa: as duas egoicas, negativas, são a reatividade e a passividade, as quais devemos evitar e uma positiva, virtuosa, é a proatividade, que é a forma ideal de agir.
Se queremos ser pessoas inteligentes consciencialmente, somos convidados a nos libertar tanto da reação quanto da acomodação, para desenvolver uma atitude proativa frente à vida.
Alice tem agido com reatividade, porquanto quando Alberto diz algo que ela não concorda, ela rebate imediatamente, fazendo com que ele devolva, reagindo contra ela e o processo segue o seu curso.
A energia mental nessas condições se torna extremamente tóxica, porque essa reatividade gera uma troca não apenas de palavras ásperas, mas de energias mentais agressivas, que geram mais conflitos e adoece gradualmente o relacionamento e as pessoas envolvidas.
Alice tem a opção de reprimir o seu comportamento reativo e forçar uma postura de passividade e não bater mais de frente com Alberto, fazendo silêncio verbal, mas jogar toda a sua reatividade internamente, ficando em uma verdadeira ruminação mental, ou seja a falação constante consigo mesma sobre o que poderia dizer.
Essa ruminação mental envolve, principalmente, os seguintes padrões de distorções cognitivas:
Rotular: atribuir traços negativos ao outros, rotulando. Exemplo: meu marido é um bruto, ele nunca me entende.
Ignorar os aspectos positivos: desvalorizar as coisas positivas que os outros fazem como insignificantes. Exemplo: essa dedicação da minha esposa não é mais do que obrigação.
Filtrar de forma negativa: focar quase exclusivamente os aspectos negativos e raramente notar os positivos. Exemplo: tudo que eu esposo faz para me agradar não compensa as exigências que ele me faz.
Supergeneralizar: perceber um padrão global de aspectos negativos com base em um acontecimento, como se fosse sempre acontecer o que aconteceu uma vez. Exemplo: você sempre assim, desde o primeiro dia do nosso casamento, nunca faz o que eu quero, nunca.
Pensamento dicotômico: encarar os acontecimentos ou as pessoas em termos de tudo ou nada, sem que haja um meio-termo. Exemplo: Nada do que faço para ela funciona, ela está sempre emburrada.
Obrigações: interpretar os acontecimentos como demandas obrigatórias e definitivas. Exemplo: Ela tem que entender que eu faço isso para o bem do nosso casamento, se isso não acontecer vamos nos separar.
Acusar: focar em outra pessoa como a causa dos seus sentimentos negativos, não assumindo a responsabilidade pelos próprios sentimentos. Exemplo: o Alfredo é um estúpido, ele me deixa irritada o tempo todo, com esse jeito agressivo dele.
E se? ou será que?: questionar sobre e se algo acontecer, colocando sempre uma possibilidade de ocorrências negativas no futuro. Exemplo: Será que a Melissa vai me compreender, e se ela não me entender, o que vai ser de nós. E agora, e se ela quiser separar.
Essas distorções cognitivas produzem uma energia mental tóxica.
Muitas vezes a pessoa não fala nada verbalmente, mas continua emitindo pensamentos e sentimentos negativos, que faz muito mal a ela mesma e atinge o outro, devido à ruminação mental que ela fica vitalizando.
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A opção saudável é a proatividade, na qual a pessoa opta por desenvolver as virtudes do amor, da compaixão, da mansidão e da humildade, em sintonia com a lei de amor presente em sua consciência, conforme preconiza a Psicologia Consciencial.
Alice é convidada a desenvolver a técnica do silêncio proativo.
O silêncio proativo é estruturado a partir do exercício das virtudes, especialmente o amor incondicional, a compaixão, a humildade e a mansidão.
Significa fazer silêncio verbal, trabalhando para que a energia mental seja equilibrada, na qual, sob a ação da vontade, a pessoa faz exercícios para aquietar os seus pensamentos e sentimentos, ressignificando os sentimentos egoicos por meio do exercício das virtudes essenciais.
O que faz com que ajamos de forma reativa ou passiva é o orgulho e a rebeldia.
Por isso, somos convidados, se quisermos agir de forma proativa, a exercitar a humildade e a mansidão para conseguir desenvolver outras virtudes filhas dessas duas, como a paciência e a tolerância para aceitar o outro como ele é em essência e como ele ainda está, com os seus sentimentos e comportamentos egoicos.
Para isso, entra o exercício do amor incondicional e da compaixão.
Amar o outro como ele é e como ele está, e, ao mesmo tempo, sentir compaixão pela pessoa com as suas limitações.
O exercício dessas virtudes irá permitir que Alice faça o silêncio proativo, no qual ela não diz nada, mas em vez de ficar em uma falação mental, como é no silêncio verbal passivo, ela ficará emitindo uma energia mental equilibrada por Alberto.
Por exemplo, no momento em que ele estiver exaltado tentando impor algum ponto de vista, ela irá silenciar, visualizando uma energia luminosa saindo do seu coração e indo ao encontro do esposo; emitindo um pensamento positivo por ele; orando, pedindo ajuda a Deus para ela e para o seu esposo se harmonizem.
Enfim, transformando aquele momento que poderia ser de discórdia em um momento de pacificação, mesmo que essa paz somente ela sinta em um primeiro momento.
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