Você sabe como lidar com as suas emoções negativas?
Muitas pessoas pensam que para ter uma boa inteligência emocional é necessário reprimir os sentimentos negativos, de modo a desenvolver os positivos.
Neste artigo, veremos que essa é uma atitude muito equivocada. Reflitamos com a seguinte história:
O sábio e o jardineiro
Havia um jovem jardineiro que cultivava um jardim de uma bela mansão. O jardineiro tinha o hábito de preparar a terra com muito carinho, em grandes canteiros. Após o carinhoso preparo, ele semeava as sementes das mais lindas flores para que o jardim ficasse muito bonito e alegrasse o dono da mansão.
Para o seu desagrado, junto com as flores crescia uma quantidade imensa de ervas daninhas, que muitas vezes sufocavam suas flores, quase as matando. Algumas vezes, ele arrancava as ervas daninhas com raiva e as queimava. Outras, jogava veneno para que fossem aniquiladas. Mas, por mais que buscasse destruí-las, elas renasciam com mais força e faziam com que muitas plantas ficassem mirradas e não produzissem as flores que ele tanto desejava.
Ele, então, envergonhado por aquela situação, ia até uma loja, comprava muitas flores artificiais de seda, daquelas feitas na China, que parecem verdadeiras, mas não o são, e colocava no jardim no meio das ervas daninhas para que o dono da mansão não percebesse, achasse o jardim bonito e, com isso, não o dispensasse do trabalho de que ele tanto gostava. Mas, embora continuasse a cuidar do jardim da mansão, o jardineiro sentia-se profundamente insatisfeito, pois sabia que as belas flores vistas de longe pelo seu patrão eram falsas, sem perfume, sem vida.
Um dia, quando o sentimento de fracasso e tristeza estava muito intenso, ele sentou-se numa pedra e pôs-se a olhar o jardim. Grossas lágrimas desceram pelos seus olhos ao fitar as flores artificiais, no meio de muitas ervas daninhas e poucas flores naturais e perfumadas.
Ele começou a se perguntar por que ele não conseguia produzir as flores que tanto desejava, o que estava acontecendo?! Nesse momento ele percebeu que vinha ao seu encontro um homem bastante idoso que passava por ali e, percebendo a sua tristeza, se aproximou.
O homem dirigiu-se a ele e perguntou sobre o motivo de ele estar tão triste. O jardineiro narrou-lhe a causa do seu sofrimento, enquanto o velho ouvia profundamente comovido.
Aquele homem era um velho jardineiro, cheio de sabedoria, com muitas experiências na lida com a terra. Tocado de muita compaixão pelo jovem, narrou a experiência da sua vida ao rapaz.
– Na minha juventude eu também agia como você, até que os anos foram passando e eu fui aprendendo, observando a própria natureza. Tudo o que existe na natureza é para ser amado e respeitado. Então, o que eu aprendi durante esses anos é que devemos amar as ervas daninhas e, não, odiá-las ou fingir que elas não existem, colocando plantas artificiais para encobri-las. Observando as ervas daninhas, percebi que elas eram viçosas, cresciam rápido, bem mais rápido do que as flores. Notei que elas retiravam da terra e da luz do Sol as energias para crescer assim. Mas eu sabia que elas eram plantas também. O que eu fiz então? Passei a retirá-las com muito carinho e a colocá-las num lugar apropriado, onde secavam e depois, com o tempo, se transformavam em húmus. Esse húmus eu levava de volta para o jardim para adubar as plantas que eu amava tanto, e que, com esse recurso, passaram a crescer viçosas, enchendo de flores perfumadas o jardim que eu recebi para cuidar. Deixei com isso de poluir o ar com a fumaça e os rios com o veneno que usava para matar as ervas. Faça o mesmo e você, com certeza, obterá o sucesso que deseja.
O jovem estava maravilhado com as palavras do velho e sábio jardineiro. Tudo agora para ele parecia tão simples, mas, ao mesmo tempo, tão profundo. Imediatamente passou a ação, realizando o que o sábio lhe aconselhara.
Na metáfora acima podemos dizer que o velho e sábio jardineiro aprendeu a transformar as ervas daninhas de seu jardim em húmus para nutrir as flores belas e perfumadas que passou a ter. Façamos agora uma comparação com a nossa realidade emocional.
Cada um de nós recebe da Grande Consciência Cósmica Criadora da Vida um jardim para cuidar, representando pela nossa mente e emoções. Recebemos da Consciência Cósmica as sementes das flores para plantar na terra fértil de nossos corações. Essas sementes são as virtudes latentes derivadas do amor, que existem na Essência Divina que somos.
Nessa plantação nos deparamos com as ervas daninhas representadas pelos sentimentos negativos do ego. Temos três opções para lidar com eles.
A primeira opção é tentar arrancá-los da nossa intimidade com raiva e ódio, como o jovem jardineiro fazia com as ervas daninhas, fato esse que faz com que eles ganhem mais força, pois é impossível acabar com sentimentos que se originam do desamor, com mais desamor. Muitas pessoas agem assim, produzindo um verdadeiro emaranhado emocional no qual se sentem sufocadas com a repressão que utilizam.
A segunda opção é tentar mascará-los como o jovem jardineiro fez com as flores artificiais, semelhantes aos sentimentos egoicos mascarados, as pseudovirtudes que podemos cultivar, fato que também não irá resolvê-los. Desenvolver falsas virtudes somente gera um bem-estar aparente, conforme vimos nos dois artigos anteriores sobre inteligência emocional.
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A terceira opção é aceitar com amor que temos sentimentos egoicos negativos para poder transformá-los, usando a sua energia para nutrir as sementes dos sentimentos bons e belos que estão presentes no Ser Essencial, utilizando para isso a energia do amor do próprio Ser Essencial, assim como o Velho e Sábio jardineiro fazia com as ervas daninhas do seu jardim.
Portanto, o conhecimento de si mesmo tem como finalidade proporcionar o autoencontro, estágio do desenvolvimento do Ser Humano em que, já amadurecido psicologicamente, busca o aprimoramento constante de si mesmo, por meio do autodomínio, com o intuito de conquistar a plenitude e a felicidade, libertando-se dos conflitos que geram angústias, dores, doenças, depressão, ansiedade e outras doenças emocionais.
O que caracteriza o autodomínio é o equilíbrio e não a supressão das emoções: cada sentimento tem um significado. Para que possamos obter esse equilíbrio somos convidados a desenvolver um movimento de proatividade, no qual as limitações se transformam em oportunidades de crescimento. Por isso, reprimir os sentimentos negativos é uma ação completamente equivocada.
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