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Impulso de afastamento: saiba por que ele tem sabotado a sua vida

Impulso de afastamento: saiba por que ele tem sabotado a sua vida

Isabel tem uma tendência de pensar sobre o que vai ser da sua vida no futuro.
Pensa muito se vai conseguir ser uma boa profissional, se vai ter alguma doença grave no futuro, se vai conseguir agradar o seu esposo para que ele nunca queira separar dela, dentre outros pensamentos muito angustiantes.
Em virtude disso, ela vive em um estado de ansiedade e angústia constante.
Isabel já tem as informações necessárias sobre o quanto lhe faz mal esse tipo de pensamentos centrados no futuro, em outras pessoas e questões externas a ela não passam de uma tentativa de ilusão de controle.
Devido às informações, Isabel se obriga a praticá-las dizendo para si mesma: não posso ficar tentando controlar o tempo futuro e os outros; eu tenho que parar com isso e focar no tempo presente e em mim mesma, mas eu não consigo, é muito difícil.
Quanto mais eu me policio para não fazer isso mais eu fico tentando controlar o futuro e as coisas ao meu redor.
Portanto, o que acontece é justamente o contrário, pois quanto mais ela se obriga a realizar esse objetivo, mas se distancia dele.
Com isso, entra em um conflito constante porque ao mesmo tempo em que se obriga a praticar o que já sabe ela sente que sabota o objetivo.
O que acontece com Isabel é muito comum.
O processo de autotransformação acontece em três etapas: informação, formação e transformação.
Muitas pessoas têm as informações necessárias para mudarem as suas vidas, mas em vez de realizarem o processo a partir da internalização constante daquilo que sabem em um processo de aprendizado, obrigam-se a realizar a ação, resultando em uma autossabotagem dessa obrigatoriedade.
A sabotagem acontece porque essas pessoas ao agirem dessa forma estão afrontando a lei de liberdade.
Agem assim devido ao impulso de afastamento.
Neste artigo, vamos refletir sobre como o impulso de afastamento tem gerado a estagnação de Isabel no âmbito pessoal e profissional.
O impulso de afastamento tem como base o desejo de se livrar dos conflitos geradores de incômodos emocionais, afastando-se deles e não os solucionando.
Está focado nos problemas e em uma suposta incapacidade em resolvê-los.
É muito comum nas pessoas que usam os ganhos secundários da máscara do ego da vitimização gerada pela inércia e acomodação.
No entanto, todo ato de acomodação, que é cômodo a princípio, cedo ou tarde, vai gerar mais incômodos para a pessoa.
Isso acontece até fisicamente, por exemplo, se a pessoa sentar em um lugar só e ficar parada, em inércia, daqui a pouco a pele a estará incomodando, e caso ela não mude constantemente de posição vai formar feridas na pele, as chamadas escaras.
Isso é mais verdadeiro nas questões conscienciais e emocionais, pois não fazer nada para mudar os nossos pensamentos e sentimentos egoicos, por mais cômodo que seja, inicialmente, porque permanecer na inércia é fácil, basta não fazer nada para mudar, porém é o fácil que vai tornando a vida cada vez mais difícil, devido aos incômodos que essa inércia nos traz.
O que vai acontecer quando permanecemos na inércia?
Em quaisquer circunstâncias, chega um momento em que os incômodos produzidos pelos problemas não resolvidos são maiores do que a própria acomodação.

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Como ninguém gosta de algo incomodando que a faz sofrer, o que a pessoa faz?
Começa a se movimentar.
Ela se movimenta para quê?
Para se afastar do incômodo.
O incômodo gera sofrimento e mal-estar.
Aí ele diz: não aguento mais essa vida e faz alguma coisa para diminuir os incômodos, sem solucionar a causa dos conflitos, apenas atuando sobre os efeitos.
Ao realizar uma ação para minimizar os efeitos dos problemas estes diminuem, e a pessoa logo volta à inércia, pois os incômodos voltaram ao mesmo nível da acomodação, até que eles se avolumem novamente e todo o ciclo recomece, em um círculo vicioso de acomodação/incômodos, o impulso para se afastar deles e novamente a inércia.
A pessoa que se movimenta pelo impulso de afastamento está focada naquilo que ela não quer, expressado da seguinte forma: eu não quero sofrer; eu não quero ser insegura e medrosa; eu não quero ser infeliz; eu não quero errar; eu não quero ser ansiosa; eu não quero… etc.
Quem é que quer tudo isso? Ninguém!
Entretanto, se a pessoa fica focada naquilo que não quer e realiza ações apenas para diminuir os incômodos gerados pelos problemas que ela mesma cria, sem fazer esforços para solucioná-los na origem, ela pode passar a vida inteira dentro desse perfil.
Ela vive reclamando de uma vida mais ou menos, mas não faz nada em profundidade para superar esse tipo de vida.
No impulso de afastamento, a pessoa quer se afastar de um problema que ela acredita ter.
Ela tem uma necessidade, contudo não pensa no resultado que vai obter solucionando o problema, mas em todo o trabalho que vai ter para conseguir esse resultado.

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Quem age pelo impulso de afastamento, algumas vezes, até diz que quer muito ser uma pessoa mais equilibrada. Ela diz: eu quero ser uma pessoa mais calma, mas não consigo, mas não sou capaz, mas é muito difícil, mas é muito trabalhoso
Há sempre um “mas” que a impede de realizar o seu objetivo de vida, porque no fundo ela não quer realizar o trabalho para conseguir realizá-lo.
O seu foco principal é nos problemas e na sua suposta incapacidade em resolvê-los.
Dizemos suposta, porque essa incapacidade não é real, pois se trata somente de uma crença limitadora, em que a pessoa acredita que não é capaz, contudo, em realidade, ela apenas não quer fazer esforços para resolver a questão, visto que está focado nos ganhos secundários da acomodação e de se acreditar vítima das circunstâncias, colocando-se como incapaz.
Toda realização pede de nós o exercício da virtude do esforço para efetivá-la.
Em verdade, o significado dessa suposta incapacidade é que a sua vontade ainda é débil, pois não se dispõe a cultivá-la.
Do ponto de vista da inteligência, a pessoa é capaz, mas se faz de incapaz como se tivesse um quociente de inteligência abaixo da média, devido à sua debilidade da vontade, que é a pior debilidade que uma pessoa pode ter.
Temos visto pessoas até com uma deficiência em termos cognitivos, e estão realizando ações para mudar a própria vida.
Existem pessoas com síndrome de Down, cujo QI é abaixo da média, tornando-se profissionais respeitados, até como atores de filmes e de televisão.

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Outros existem com debilidades físicas enormes, que são verdadeiros exemplos para aqueles que estão incapacitados pelo impulso de afastamento, que têm o intelecto intacto, o corpo normal, e por isso, têm tudo para viver de forma diferente, todavia não o fazem porque apresentam uma debilidade muito desafiadora de superar, enquanto não se dispuserem a isso, que é a debilidade da vontade.
O impulso de afastamento é cíclico, pois, uma vez que aconteçam melhoras nas condições que levaram a pessoa a realizar uma ação, logo surge o desânimo, pois ela pensa no trabalho que vai dar para conseguir fazer o que é necessário, em vez de pensar no resultado da resolução dos problemas que tem.
A pessoa quer se afastar do problema sem solucioná-lo, como se isso fosse possível.
Contudo, em um processo de autoengano, como a pessoa está acomodada ela nutre a ilusão de que isso vai acontecer.
O impulso de afastamento acontece em todas as situações em que nos obrigamos a realizar alguma ação para nos afastar de um conflito gerador de incômodos.
Inicialmente nos obrigamos, pois tememos as consequências em não resolver a questão, mas, como isso é fruto da obrigação, logo entraremos no autoboicote e aí voltamos ao padrão inercial que havia no início, até que as necessidades, devido a não realização da ação para resolver o problema, voltem a se avolumar e tudo recomeça, em um círculo vicioso.
É fundamental refletir que ninguém vai verdadeiramente produzir algo bom para si, obrigando-se a um processo.
A pessoa é convidada a exercitar várias virtudes para conseguir realizar os seus objetivos de vida, tais como o sentimento de liberdade, o discernimento, a reflexão, a decisão consciencial, a autoconsciência, o autoamor, dentre outras.
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