Como se libertar dos padrões doentios em família curando a criança interior ferida
Aurora vive repetindo com as próprias filhas certas atitudes que a mãe tinha com ela quando criança.
O problema é que Aurora detesta esse comportamento, porque em sua infância e adolescência ela e seus irmãos sofriam muito com essas atitudes de sua mãe.
Dizia consigo mesma que, quando crescesse e tivesse seus próprios filhos, jamais agiria com eles como a mãe agia com ela e seu irmão e irmãs.
Hoje, paradoxalmente, repete as mesmas atitudes da mãe com as suas duas filhas, fato este que faz com que as filhas sofram, bem como ela própria, porque, conscientemente, não quer agir assim, mas quando se percebe está repetindo até as frases e trejeitos que a mãe usava.
Isso a deixa transtornada, fazendo com que ela repita para si mesma que nunca mais vai fazer isso.
Contudo, o ciclo se repete sempre, mantendo o sofrimento de todos os envolvidos.
Neste artigo, refletiremos por que isso acontece e o que Aurora pode fazer para se libertar desse conflito em que vive?
Isso ocorre devido ao modelo familiar herdado, que é condicionado pelo sistema de crenças familiar.
Aurora recebeu desde bebê influências sob a forma de estímulos de sua família, na qual conviveu com o seu pai, mãe, avós, tios, irmãos, primos etc.
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Em uma abordagem psicológica consciencial esses estímulos podem ser positivos, negativos ou neutros.
Exemplifiquemos: um estímulo é positivo quando incentiva a prática de uma ou mais virtudes.
Um pai ou uma mãe, inteligentes consciencialmente, ao perceber o seu filho com uma limitação qualquer, chega e diz: Filho, estou percebendo que você está com dificuldade nessa questão.
Todos nós apresentamos limitações em determinados momentos, mas somos capazes de superar isso.
Você também consegue.
Você é capaz!
Você pode agir assim, assado…
O que você acha de seguir este caminho ou tomar esta decisão?
Dentre outras orientações e sugestões.
Vejamos que ao agir assim os adultos mais significativos para a criança, que são seus pais, estarão estimulando-a a desenvolver virtudes fundamentais para uma vida saudável, tais como autoestima, autoaceitação, autoconfiança, autovalorização, autorrespeito, poder de realização etc.
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Agora vejamos a incitação negativa.
O pai ou a mãe, ao perceber o filho em dificuldade, diz:
Você é um burro!
Já falei mais de dez vezes o jeito que você deveria fazer.
Você nunca faz nada certo!
Você é muito burro.
Parece um débil mental.
Você nunca vai ser alguém na vida, desse jeito.
Tudo que você faz, dá errado.
Tudo que faz, é mal feito.
O pai ou a mãe ou outro membro da família, pode falar assim, estimulando negativamente a pessoa, diminuindo-a, fixando as suas dificuldades.
Era assim que a mãe de Aurora agia com ela, desde criança, gerando traumas de todos os tipos, maiores ou menores.
Hoje Aurora faz o mesmo com as suas filhas porque a sua criança interior está profundamente ferida.
Psicologicamente, trata-se de um processo de vingança subconsciente que Aurora faz, como se quisesse se vingar de sua mãe, mas acaba por repetir aquilo que detestava na mãe, fazendo as filhas sofrer sem ter nada a ver com as suas dificuldades.
Por que nossos familiares, muitas vezes, agem dessa maneira?
Porque receberam esse tipo de educação dos seus próprios pais.
Os pais que são sinceros, que realmente estão exercitando o amor pelo seu filho, ao repreendê-lo negativamente, têm uma intenção positiva, pois querem que o filho melhore.
Contudo, a forma pela qual se utilizam para realizar isso, está totalmente inadequada.
Esse tipo de tratamento, portanto, é consequência da forma como foram educados, e tendem a repetir os padrões de educação recebidos, na condução de seus próprios filhos.
O SISTEMA DE CRENÇAS E A REPETIÇÃO DOS MODELOS FAMILIARES
Há uma tendência de se perpetuar os modelos familiares.
Esses modelos provêm do sistema de crenças familiar.
Por exemplo, quando Aurora na fase da segunda infância e adolescência repetia para si e para os outros que quando tivesse os seus filhos nunca faria com eles o que a sua mãe fazia, estava tentando se livrar do padrão familiar.
Porém, o que acabou acontecendo foi na verdade uma fixação do padrão familiar, que se tornou automático no seu modo de ser e, por isso, repete o mesmo com suas filhas.
Em família, o conjunto de crenças forma o modelo dos padrões de conduta dessas pessoas.
Essas crenças formam a visão de mundo particular daquela família.
É o que acontece com Aurora e sua família, na qual repete o modelo dos padrões de conduta de sua mãe, que por sua vez repetiu de sua avó…
O sistema de crenças pode ser, portanto, individual e familiar.
As crenças familiares são transmitidas dos pais aos filhos.
Vejamos como exemplo o racismo.
Pessoas de tal raça são de má índole, simplesmente por serem negras, judias ou de outra raça.
Transmite-se o preconceito de geração para geração, até que alguém resolva ressignificar essa crença.
O nosso sistema de crenças gera sentimentos.
Tudo aquilo que pensamos sobre as pessoas, sobre o mundo, imediatamente cria em nós sentimentos, e estes geram uma emoção.
As emoções, nada mais são que expressões viscerais daquilo que sentimos.
Em outras palavras, sentimentos que são expressos pelo corpo.
Quando falamos de ódio, estamos falando de sentimento.
Quando falamos de emoção, de ódio, estamos sentindo as sensações do ódio, porque uma pessoa não sente ódio como uma abstração.
O sentimento do ódio gera, no corpo físico esta sensação.
Os órgãos, como o coração e o estômago, entram em um intenso desequilíbrio.
Podemos dizer que todo o nosso Ser sente ódio, produzindo alterações energéticas, fluídicas e físicas.
Da mesma forma, o sentimento de amor irá se manifestar pela emoção e sensação amorosa que acalma, pacifica, asserena, gerando grandes benefícios energéticos e no corpo físico.
Cada situação que trazemos como crença, vai gerar um determinado sentimento.
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Uma criança que é estimulada negativamente pelo pai ou pela mãe – que diz para ela que é burra, uma incapacitada mental, que nunca será nada na vida –, irá gerar uma baixa autoestima, uma insegurança muito grande, uma falta de confiança, ou seja, sentimentos extremamente negativos, que vão perturbar a sua vida.
Os sentimentos e emoções geram comportamentos, a forma como nos conduzimos diante de determinadas situações.
Nós nos comportamos através de atitudes e ações que realizamos no mundo objetivo.
A pessoa que é desestimulada cria um sistema de crenças de identidade do tipo: Eu sou burra, sou incapaz, eu não consigo fazer nada certo.
O que vai acontecer?
Ela passa a ter uma autoestima muito diminuída, uma falta de autoconfiança muito grande, torna-se extremamente insegura, levando-a a ter atitudes negativas, passando a ver o mundo como um lugar hostil.
Comportamentos e atitudes produzem resultados.
Esses resultados são produzidos por essas situações.
A cada resultado negativo, o que acontece?
Reforça a crença.
Cada vez que alguma coisa der errado, ela dirá assim: Está vendo! Comigo é assim! Nada que eu faço dá certo. Tudo que eu faço é ruim, eu não presto mesmo.
Cada resultado negativo reforça as crenças e padrões que ela aprendeu em família, formando um círculo vicioso.
Se quisermos transformar determinados preconceitos e crenças que trazemos, para não perpetuar nas famílias que construímos, somos convidados a mudar o modelo familiar que herdamos.
Para produzir sentimentos, comportamentos e resultados positivos, formando um círculo virtuoso, necessitaremos transformar as nossas crenças limitadoras.
Isso acontece pela ressignificação de crenças e pela prática das virtudes.
Cada crença trabalhada nos liberta, gerando resultados positivos, que ampliam a nossa capacidade de criar novos modelos.
É fundamental também a cura da criança ferida por meio do autoacolhimento amoroso.
Com a criação desse novo modelo, tendemos a melhorar cada vez mais.
Esses benefícios vão se ampliando e, aí, trocamos o círculo vicioso, pelo virtuoso, no qual estaremos sempre desenvolvendo novos valores, padrões de maior equilíbrio, ao invés de ficar repetindo modelos desequilibrados que herdamos de nossos pais, que herdaram de nossos avós etc.
Se não mudarmos o modelo dos padrões da família de origem, vamos mantê-lo indefinidamente, até que alguém resolva modificá-lo.
O padrão dos nossos avós, que passaram para nossos pais, já é uma repetição do que eles receberam de nossos bisavós, e que agora estamos vivenciando.
Portanto, para não passar para a próxima geração, é fundamental que comecemos a transformá-los.
Existem pessoas que também criam o antimodelo, ou seja, vão para o extremo da permissividade, reagindo contra o modelo herdado.
Isso também é pernicioso porque gera muitas distorções na educação dos filhos.
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COMO TRANSFORMAR A REPETIÇÃO DOS MODELOS FAMILIARES AGINDO DE FORMA CONSCIENTE E AMOROSA
A maioria de nós traz um sistema de crenças que se tornou um conjunto de crenças-mito, verdadeiros tabus, em relação à vida familiar.
Temos, comumente, padrões rígidos de como a família deve se comportar.
Como, por exemplo, uma mãe, ou um pai, tem que se comportar em relação ao filho.
Como os filhos tem que se comportar em relação ao pai e à mãe.
Como os irmãos têm que se comportar.
Trazemos uma série de crenças que adquirimos, baseadas nas crenças que herdamos dos nossos antepassados, formando todo um sistema de crenças, que não estão em sintonia com a lei de amor e a lei de liberdade.
Muitas vezes esse sistema de crenças está baseado no desamor ou no pseudoamor, que é mais comum em nossa sociedade.
Como o desamor é muito punido e reprimido, na verdade criamos todo um sistema de crenças baseado na repressão do desamor, e quando reprimimos o desamor, desenvolvemos o pseudoamor.
Para definir esses modelos familiares usaremos uma metáfora, comparando a família, com uma casa.
Com raras exceções, o modelo dos padrões familiares que herdamos de nossa família de origem e a da que constituímos, é de uma casa toda defeituosa, com as paredes tortas, o piso desnivelado, o telhado com goteiras, as coisas todas fora do lugar.
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Somos convidados, pela vida, a desconstruir e reconstruir essa casa de uma maneira mais correta.
Para isso, há somente uma condição imprescindível: necessitaremos fazer isso morando na casa, pois não dá para nos mudarmos dela, para depois voltarmos.
Não dá para dizer vou passar um tempo em outra e depois volto com tudo reconstruído, porque essa casa é a nossa própria família em funcionamento, e não é possível mudar de família para uma outra mais equilibrada, para depois voltar para a nossa.
O convite, portanto, é o de tirar cada tijolo daqui e o colocar ali, no lugar certo.
Isso será feito com todo o material da casa, que são as crenças formadoras do modelo de nossa família.
O trabalho de ressignificação desses modelos familiares se faz num processo contínuo de desconstrução gradativa e suave, para irmos reconstruindo aos poucos.
Por quê? Como precisamos continuar morando na mesma casa, não dá para desconstruir tudo de uma vez, senão vamos ficar ao relento.
É o que Aurora é convidada a realizar.
Tomar consciência do modelo que herdou de sua mãe, acolher-se e buscar a mudança gradual.
Aurora é convidada a agir de forma diferente do que está fazendo porque ela tem reprimido o modelo herdado.
É como se ela quisesse destruir a casa e não desconstruir gradualmente e reconstruir.
Por que construímos a nossa família assim, como uma casa desajeitada, ao invés de já construí-la de forma correta?
Isso acontece devido ao desamor e ao pseudoamor que ainda cultuamos.
Na abordagem da Psicologia Consciencial trazemos um código moral de leis em nossas consciências.
Uma lei muito especial é a de amor.
Essa Lei está gravada em nossa consciência, pois provém do Amor Divino presente em nós, no Ser Essencial que somos.
Todos nós, mesmo aqueles que estão praticando o desamor, trazemos essa lei na consciência e, muitas vezes, tentamos descumpri-la.
A consciência é como uma luz que fica brilhando o tempo todo em nós.
Muitas vezes jogamos lama nessa luz, a emporcalhamos.
Ela fica ali, toda suja, encoberta pela lama.
Parece que parou de brilhar, mas não é verdade.
Ela continua brilhando, mesmo que esteja totalmente coberta de lama, quando praticamos deliberadamente o desamor.
Ao praticar o desamor ou tentar ocultá-lo com o pseudoamor, o que acontece?
Simplesmente saímos do padrão natural de vibração do Universo.
Vamos supor, metaforicamente, que a vibração do Universo seja semelhante a um eixo de luz vertical.
Todo o Universo nos convida à essa vibração no sentido vertical, que é produzido pela prática do amor.
Quando praticamos o desamor, realizamos um movimento totalmente desconectado, todo desconjuntado, fora do padrão vertical.
Quando praticamos o pseudoamor é como se quiséssemos fazer uma linha reta, mas fazemos uma linha toda tremida.
Ela tenta imitar a linha reta, mas não tem como o pseudoamor ser reto.
Quando vibramos de uma forma diferente do Universo haverá o surgimento de um incômodo dentro de nós.
Como o código moral está o tempo todo nos impulsionando a consciência, cedo ou tarde vamos ao encontro desse código para praticar o amor.
Para que desenvolvamos uma família saudável é fundamental que desconstruamos esse sistema de crenças baseados no pseudoamor e no desamor.
Isso acontece por uma prática consciente da virtude do amor, por meio de esforços continuados, pacientes, perseverantes e disciplinados para exercitar o amor.
Os esforços de Aurora deve começar com o acolhimento amoroso de sua criança interior ferida, para curar as feridas de sua infância e adolescência.
Esse acolhimento produzirá uma mudança significativa no seu padrão de crenças.
Dentro da visão sistêmica, se uma pessoa muda o seu padrão de crenças, influenciará todas as demais a mudar.
Essa influência poderá gerar mudanças no outro, ou não, dependendo da receptividade que este tiver em relação à influência.
Independentemente da mudança do outro ou não, quem muda, exercitando a virtude do amor, já experimenta os benefícios dessa mudança.
É o que aconteceu com Aurora, que ao se modificar melhorou muito o relacionamento com as filhas, apesar do modo como a mãe ainda se relaciona com ela continuar o mesmo.
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Ela encontra-se, atualmente, pacificada, porque não deseja mais mudar o jeito de sua mãe, tanto a mãe real quando a que traz internalizada dentro de si, mas sim, a sua forma de perceber o mundo e a vida.
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